sexta-feira, setembro 29

Desabafo

Dizia Camões que todo o mundo é composto de mudança, ao que Tomaso de Lampedusa respondeu que é preciso que algo mude para que tudo fique na mesma. Nos últimos dias tenho comentado com alguns amigos que nos Açores depois de um sopro de mudança tudo voltou à mesma. Quem não se interessar pela novela do "Língua Afiada" pode ficar já por aqui e abster-se de ler o resto deste post, a quem interessar o assunto e as suas guerras de bastidores então bem-vindo a este meu desabafo. Como já é do conhecimento geral o "Língua Afiada" acabou, da mesma maneira que no ano anterior tinha acabado o "Choque de Gerações" programa que, esse sim, nunca devia ter acabado. Por um lado o fim do "Língua Afiada" é algo perfeitamente natural, até mesmo justificado, inclusive por mim que desde o início questionei a pertinência daquele modelo no contexto da RTP-A, questionei até a minha capacidade individual de participar num programa com aquele figurino. Mas, por outro lado, há uma série de questões que se levantam com o fim de um programa que durante quase um ano questionou, criticou, por vezes elogiou, e pensou a sociedade e a política açoriana, de uma forma livre e descomprometida e, mais importante, não partidária, como o fez o "Língua Afiada". Durante mais de trinta programas quase todas as grandes questões que afectam os Açores foram por nós tratadas e muitos dos sound bytes ali lançados criaram eco na sociedade açoriana, tanto no espectador comum e anónimo, como nos poderes instituídos e nos responsáveis políticos, que por vezes também gostam de ser anónimos. Quem fez o "Língua Afiada" sabe dos comentários, dos recadinhos, das mensagens e dos telefonemas, das conversas de corredor e dos incómodos que o programa provocava. Essa foi uma das principais razões para que o programa acabasse. Isso e a incompetência, a falta de profissionalismo e a deslealdade pessoal dos directores da RTP-A para com duas pessoas: eu e o Nuno Barata. Já aqui falei de como isto tudo se processou, mas há neste momento um dado importante que importa tornar público. Quando o "Língua Afiada" começou os directores da RTP-A assumiram connosco o compromisso da sua continuidade, que foi uma condição por todos nós assumida como legitima dada a natureza de má-língua que se pretendia dar ao programa. Ontem o director de informação da RTP-A, num telefonema incómodo, terminou a minha colaboração com a estação, dois dias antes o director da estação tinha-me assegurado que eu já era da casa. Durante todo este tempo em que emiti opinião na RTP-A fiz, pela minha parte, um enorme esforço de profissionalismo para cumprir com aquilo que me tinha sido pedido, tenho a certeza que o Nuno fez o mesmo. Hoje somos penalizados por ter feito bem aquilo que a RTP-A nos pediu. O Dr. Costa Neves vêm cavalgando há meses a onda da falta de oxigénio na sociedade açoriana, tive a oportunidade em directo de lhe dizer que na minha opinião essa falta de oxigénio não é culpa do Governo x ou y, mas antes de um atavismo intrínseco à própria mentalidade açoriana. Este caso do "Língua Afiada" é paradigmático disso. Eu até acredito que não tenham havido pressões directas da parte do secretário disto ou da presidente da câmara daquilo, ou até mesmo do gabinete de Sexa o Presidente, mas os directores da estação que, como diz um amigo meu emprenham de orelha, de tanto ouvirem criticas e desabafos contrafeitos sobre um programa em que sem papas na língua poucos diziam em voz alta o que muitos pensam baixinho sobre a actuação de quem governa os destinos desta região, incutidos dessa impressão desconfortável e sabendo que estamos a dois anos de importantes eleições, dois anos em que muitos escândalos vão rebentar e em que muitas obras vão derrapar, com base neste feeling os directores da RTP-A, decidiram tirar do ar e cortar o pio, numa atitude que não tem outra classificação que não seja um real pontapé no real rabo, decidiram tirar do ar dois indivíduos que não tem medo de falar sobre tudo e sobre todos com a mesma frontalidade com que se anda na rua de cabeça erguida. Quer o Nuno Barata, quer eu, cada um à sua maneira, somos incómodos para os poderes instituídos, para o marasmo de quem gosta que tudo fique na mesma. É por isso que vamos deixar de aparecer todas as semanas na televisão. Isto não tem nada de ilegítimo, não. Os senhores são directores e fazem o que quiserem, grave é que em pleno século XXI ainda haja um canal de televisão, de serviço público, e em regime de monopólio, onde as decisões sobre a programação são tomadas não com base em audiometrias, ou estudos de mercado, ou no real interesse dos espectadores, mas apenas com base na opinião dos seus directores e das bocas que estes ouvem nos esguios corredores dos aviões da SATA.

a falar é que nos entendemos

depois do artigo da semana passada que tanta perplexidade me causou e que gerou aqui nos comentários uma acesa discussão, o Rui Cabral, num gesto de grande inteligência que merece elogio, publica hoje o texto que reproduzo aqui em baixo. Ficam assim esclarecidas algumas questões fundamentais. Oxalá outros editores e jornalistas, ou até mesmo outros articulistas da nossa praça, tivessem a honestidade e a nobreza de carácter do Rui para não fugirem de uma discussão e esclarecerem os leitores das suas opiniões e das suas reais intenções. Faz muita falta na opinião publicada nos Açores este tipo de frontalidade. Um abraço Rui.

O que não foi dito
29-09-2006
por rui jorge cabral


No artigo ?Dizer não? (?Crónicas do Aquém? de 21 de Setembro) não se pretende lançar um estigma sobre o toxicodependente como alguém ?fraco de carácter? para toda a vida. Se é uma fraqueza que leva um indivíduo a uma dependência, é também uma enorme força que o tira de lá e o carácter está em ambas.


Também não se quis afirmar que os Planos contra a droga para nada servem. O que se pretende em ?Dizer não? é chamar a atenção para uma espécie de resignação em que se caiu, onde as medidas muito meritórias que são tomadas resultam em cuidados paliativos, perante uma doença sem cura à vista. No caso da droga, não se resolve o problema desresponsabilizando o indivíduo dependente. Associados ao tratamento da dependência, deviam estar sempre programas de formação profissional e de trabalho para quem deles necessite. Nos casos em que isso existe, a taxa de sucesso na recuperação é mais elevada. Estabilizar fisicamente um dependente e depois mandá-lo para a rua refazer a sua vida num cenário em que ele destruiu as suas relações sociais, é reenviá-lo para a droga. Isso é fácil. Difícil é conseguir despertar no indivíduo a força de vontade, sem a qual ele nunca vai recuperar. Ao que se quer ?Dizer não? é a uma sociedade que está a ter muitas dificuldades em formar homens e mulheres com um carácter que lhes permita assumir as responsabilidades da vida, sem deixarem de a gozar. Essa é a melhor prevenção para os problemas e todos os contributos são bem-vindos. Isto porque, na cadeia indivíduo/família/escola/trabalho, quanto mais tarde entrar o sentido de responsabilidade, mais difícil é a recuperação de quem fica para trás. ||

IMAGO 06


É impressionante o programa do IMAGO 06 que hoje se inicia na interior cidade do Fundão com o forte apoio da autarquia local.
Para além das muitas e váriadas sessões competitivas "que centra o seu projecto de programação nos filmes de jovens realizadores" o festival integra vários programas especiais:

Da "Nona à Sétima arte ? Para lá dos super-heróis" (uma ideia que já passou pela cabeça dos macaquins mas o bolso não permitiu) com retrospectivas dedicadas a Alejandro Jodorowski e a Dave Mckean (que integra o júri da competição Oficial Internacional) e a descoberta do festival: o jovem realizador Nicolas Provost.
Para lá das retrospectivas dedicadas a Dave Mckean e Alejandro Jodorowski, o IMAGO exibe um conjunto de adaptações de banda desenhada como: ?Bunker Palace Hotel?, de Enki Bilal; ?Jesuite Joe?, de Olivier Austen (adaptado da obra de Hugo Pratt); ?The Mindscape of Alan Moore?, de Dez Wylenz (documentário sobre Alan Moore); ?Urbicande?, de Simone Bucher (a partir da BD "La Fiévre d'Ubicande", de François Schuiten e Benoit Peeters); ?La Señorita Zuenig?, de Sofia Teixeira-Gomes (adaptação de uma história da ?Pior Banda do Mundo?, de José Carlos Fernandes); e para não ser muito exaustivo ?Cauchemar Blanc?, de Mathieu Kassovitz (adaptação de uma das primeiras histórias curtas de Moebius)

Outro dos programas especiais é "Early Years... Clint Eastwood" (que também estará presente no festival) com um programa que recai sobre a filmografia inicial e por isso menos conhecida de Clint Eastwood durante a década de 70.

Para além de tudo isto o evento contempla ainda a secção "A Sound & Vision Experience", com Filmes Concerto, Master Classes, Concertos e DJ Sets, com convidados a anunciar durante "uma festa muito especial" que em edições anteriores estiveram a cargo de nomes tão importantes como os dos Alpha, Matthew Herbert, Kid Loco, The Herbaliser, Le Hammond Inferno, Jamie Lidell, Kid Koala, Namosh, Toolshed, Any Votel ou Erlend Oye entre muitos outros.

Isto sim é um FESTIVAL.

Obrigado IMAGO pela vossa parceria com estas pequeninas mas orgulhosas iniciativas que por cá se vão realizando.



Um dos filme de Dave Mckean que será exibido no festival AQUI

Back in Town



Estive na companhia dos chernes, mergulhado nas profundidades pelágicas de uma dissertação académica. Confesso-me surpreso com a duração da apneia. Nunca pensei conseguir suster a respiração durante tanto tempo. Apesar do tabaco matar (viver mata, diria Monsieur De La Palisse), os meus pulmões parecem encontrar-se em estado minimamente satisfatório, pois lá consegui voltar à superfície com todas as faculdades neurológicas intactas. Agora que a respiração está mais pausada, as minhas primeiras palavras vão para os Brothers residentes (as Sisters continuam a monte): desculpem lá esta Quaresma, mas teve mesmo de ser.

Alexandre, prometo um Cherchez la Femme este fim de semana. Pedro, se me tornas a chamar de Professor na caixa de comentários faço um post tão contra-cultural que o William Burroughs vai parecer académico. João Nuno, desafio-te para um duelo de sabre Europa vs. Islão aparecendo eu, evidentemente, disfarçado de Lawrence. Vítor, contigo a arma escolhida será o florete e, está bem de ver, faço de mouro equipado de vermelho.

Blogosfera, pode soar a Ana Malhoa, mas já estava cheio de saudades.

quinta-feira, setembro 28

OPA

com eles: "Propusemos um conjunto de medidas que eram uma verdadeira revolução para o sector de telecomunicações" (...). Se o processo avançar, (...) será muito positivo para os consumidores e para o país...

Comédia.

Se há género cinematográfico que raramente me faz perder tempo é a comédia.
Tinha muito que pensar para me tentar lembrar de uma qualquer que possa ter visto numa sala de cinema, com a certeza de que foi há pelo menos 25 anos. Em DVD nem preciso de pensar nunca perdi mais de 5 minutos - normalmente não passo do genérico.
Poderei estar a perder grandes filmes, o que sinceramente dúvido, mas não é com filmes com o infeliz título "Eu, Tu e o Emplastro" que vão demover esta minha repulsa em relação ao género.

Mas é assim que vai o cinema em Portugal: Após ter surpreendido tudo e todos na semana passada com uma estreia absolutamente esmagadora, ?Eu, Tu e o Emplastro?, mantém-se à frente sem grandes dificuldades na tabela dos filmes mais vistos em Portugal, caindo cerca de 36% face à semana anterior e acumulando já mais de 150 mil espectadores ao fim de duas semanas.

Anda por aí numa sala perto de si.



Entretanto o Fantasporto está quase aí.

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quarta-feira, setembro 27

A colaboração que se impõe *

Ao pedido de colaboração para uma nova edição (e nova série) da revista :ILHAS a minha camarada Mariana redarguiu-me com um pedido correspondente para esta edição do Suplemento. Disse-lhe, obviamente, que sim. Não esperava, contudo, que o Vazio se apoderasse do teclado. Após alguma resistência...decidi atacar o word e um universo de (in)certezas: posso falar do prazer e da tremenda angústia que é editar um projecto editorial diferente (para fugir ao cliché alternativo), nestas ilhas, mas não me permito; podia apresentar um rol de queixumes recorrentes e escalonar todos os constrangimentos inerentes à produção de um evento, dito cultural, nos Açores...mas isso seria, no mínimo, confrangedor, também não; posso desancar nos jornais/jornalistas/editores que apregoam não poder fugir às questões da agenda política mas que quando confrontados com uma alternativa cultural, respondem-me (não todos, é certo!) - edição fechada, fotógrafo fora, jornalista de baixa... sendo que é, seguramente, mais agradável colar um Gacs, fotografar uma Miss X ou um relvado sintético, do que entrevistar um renomeado maestro - caprichos, certamente; posso abordar a extrema necessidade de associativismo, de parceria e de colaboração cultural institucional nas ilhas, de modo a que haja uma maior gestão dos exíguos recursos associados à Cultura; podia argumentar a urgência em edificar um evento com dimensão transregional/nacional que, simultaneamente, promova a Região e sedimente valores, hábitos e a fruição cultural...

O Mar não é feito de rosas nem as Cidades são apenas betão.

Antes que esgote o caractere não quero abandonar esta(s) coluna(s) sem antes sugerir os prazeres pelos quais sou perseguido no habitat que me circunda - desde a cabeceira ao sofá. Assim, e sem coordenadas pré-determinadas; a leitura de um projecto amigo - Frases para ter na Carteira, o 3º lançamento da editora Livramento (brevemente nas livrarias ou por encomenda online através do email livramento@xsmail.com), do qual destaco - Os blogues são o tunning da burguesia, uma síntese factualmente irónica de Bernardo Rodrigues; uma ida à Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada para visitar a exposição de Desenhos 2005-2006 de André Almeida e Sousa (Prémio ARTCA 2005), patente até 25 de Outubro; ouvir Let's Get Out of This Country dos escoceses Camera Obscura que mais não são do que uns primos clandestinos dos Belle&Sebastian e herdeiros de Lloyd Cole; ver A Caminho de Guantanamo do inglês Michael Winterbottom (24 Hour Party People e 9 Songs), vencedor do Urso de Prata no Festival de Cinema de Berlim para Melhor Realizador em 2006, em exibição no Solmar; e concorrer ao Prémio MACAQUINS cujo concurso termina a 30 de Novembro de 2006 (inscrição e informações na MUU).

* publicado na edição de 27/09/06 do Suplemento de Cultura/Açoriano Oriental

CineClube, familiar!

Raramente compro algo por impulso. Mas, não resisti ao charme do autor de The Awful Truth (série de 24 episódios exibida durante 1999/2000 no canal BRAVO e com edição nacional, este mês, em DVD). Michael Moore exibe-se: ousado, polémico, sensacionalista, demagógico, manipulativo, divertido, irascível, irónico e com um peculiar sentimento de humor, na visão crítica do país mais poderoso do mundo. Uma alternativa noctívaga ao surf-de-sofá quotidiano.

um final infeliz

Ontem o boato. Hoje a notícia do fecho. Uma aventura atribulada, com demasiado coração e não totalmente ponderada.  Nestas horas e dias de incerteza(s) -  um abraço solidário aos amigos e profissionais do JdA.

terça-feira, setembro 26

Vox Populi

...Especial Bento XVI

"De visita à Alemanha natal, perante académicos, para "explicar a irracionalidade da conversão pela violência" o Papa citou um imperador que a um persa disse "Não encontrarás em Maomé senão coisas demoníacas e desumanas, tal como o mandamento de defender pela espada a fé que ele pregava". Ardeu Tróia e os "bondosos" extremistas muçulmanos, levantaram-se em fúria incontida contra os Cruzados.".

Carlos Melo Bento, quarta-feira, 20 de Setembro, no Açoriano Oriental.

"O papa já lamentou o equívoco, mas não pediu desculpa. Não podia pedir. Nem pelo incidente, fabricado pelo fanatismo e a ignorância, nem pelo teor geral da conferência de Ratisbona. Ratzinger insistiu que a fé não é separável da razão e que agir irracionalmente "contraria" a natureza de Deus."


Vasco Pulido Valente, Domingo, 17 de Setembro, no Público

"O que o Islão precisa não é de desculpas do Papa, é do seu próprio Ratzinger e de teólogos que procurem casar Maomé com Darwin."

Silver, quarta-feira, 20 de Setembro, no Observatório da Jihad

"O Ocidente, como aliás diz Ratzinger, está minado pela falta de Deus e pela presença do Satã laico e racionalista; por isso, é necessário sermos compreensivos para com os sentimentos religiosos que autorizam o apedrejamento de apóstatas, a lapidação de mulheres, adúlteros e homossexuais ou a mutilação de infiéis; é o regresso da religião."

Francisco José Viegas, terça-feira, 12 de Setembro, na Origem das Espécies.

"O Islão reduz-se ao Islão: nada do que para além dele existe merece ser visto, ponderado, interpretado e discutido. Lembro o desprezo com que Khomeyni respondeu a um jornalista que o foi entrevistar nos arredores de Paris: "não sei nem me interessa saber quem eram Beethoven, Mozart e Hegel". O Islão é absolutamente autista, absolutamente cego e absolutamente surdo."

Miguel Castelo Branco, segunda-feira, 18 de Setembro, no Combustões

"O ponto era denunciar que a violência religiosa é "maligna" e "desumana", ou seja, contrária ao espírito divino. Fatalmente, os tempos não aconselham racionalidade ou debate. E o Islão radical, para provar que não é violento, prometeu logo actos de violência ; um belíssimo paradoxo capaz de derrotar qualquer filósofo. Comentários? A loucura, por definição, não se comenta."

João Pereira Coutinho,segunda-feira, 18 de Setembro, na Pensata



...e agora para algo completamente diferente :

"Agora imagine-se um Irão nuclear. O mesmo que faz politica com reféns, atentados e terrorismo, que paga biliões pelo Hezbohlá e pelo Hamas. O mesmo que defende a varredura de Israel como começo de negociações, que aspira a fazer do golfo o seu "mare nostrum" e que mantém conflitos territoriais com a Turquia, o Iraque, o Paquistão e Omã. E importa não esquecer que esta gente prega, defende e por incrível que possa parecer faz, a sujeição da realização individual ao interesse colectivo, o martírio e o sacrifício último como forma de suprema realização. O Paraíso das 72 virgens está para eles à mão de semear de uma bomba suja em Londres, Paris ou Roma.
E esta gente vai ter a bomba nuclear. E depois é impossível negá-la ao Egipto, à Turquia e à Arábia Saudita.".


Rasputin, quinta-feira, 14 de Setembro, no Tapornumporco.

Dia Europeu das Línguas

celebrado hoje em Portugal (Açores, incluídos!).

Uma verdade da Hungria




















Tenho desde há uns meses procurado, em vão, encontrar uma qualquer edição do filme "Sátátango" do húngaro Bela Tarr.

Considerado um dos melhores filmes dos anos 90 "Sátátango" é uma comédia negra de 450 minutos (sim, são 7 horas e meia) baseada no romance do também húngaro László Krasznahorkai. A história cuja estrutura foi inspirada nos passos do tango - seis para a frente, seis para trás - é um comentário sobre o colapso do comunismo e também uma visão sobre as subsequentes degradações do capitalismo. Filme de culto, inclui nos seus muitos admiradores o realizador Gus Van Sant que utilizou algumas das técnicas de Tarr nos filmes "Gerry" (onde Tarr aparece creditado com um thank-you) e em "Elephant".
Editado pela primeira vez em VHS no ano de 1994, edição que esgotou rapidamente, será reeditado pela Facets a 28 de Novembro, mesmo a tempo de entrar num qualquer sapatinho.

Encomendas aqui.

Que os Deuses nos protejam !

Recolhera-me do mundo durante as férias mas, pelos jornais, fui ouvindo os ecos de um planeta ensandecido recorrentemente tomado pela factualidade implausível. De uma vasta galeria de bizarrias retive a trágica encenação dos pescadores Mexicanos à deriva no pacífico durante nove meses e resgatados incólumes por um "milagre"; acompanhei estupefacto a fuga de Natascha Kampusch e o relato de um longo cativeiro para, em liberdade, ser tomada de assalto pelos media; presenciei, com deleite, o escândalo do nobelizado Gunter Grass, ícone da esquerda e autor do livro "Descascando a Cebola", que durante anos andou esquecido do pormenor biográfico de ter pertencido às Waffen-SS !

De facto a realidade supera a ficção. O certo é que a realidade é uma galeria de biltres urdidos numa teia de enredos que vamos digerindo com a placidez ruminante do politicamente correcto.

Epítome dessa triste realidade foi a rendição da ONU às mãos do Hezbollah. Com efeito, na nova ordem internacional legitimou-se a doutrina da paz a qualquer custo, mesmo que isso implique negociar com terroristas. Assim, no passado mês de Agosto o secretário-geral das Nações Unidas andou pelo palco do conflito, em conversações com os "ministros" do Hezbollah, para alinhavar as condições do armistício. Esta extravagância é apenas mais um capítulo na vil novela de submissão do Ocidente ao Islão. Nunca será excessivo sublinhar que o Hezbollah, ou "partido de Deus", é efectivamente um Estado dentro do Estado do Líbano que foi incapaz de conter a ofensiva terrorista contra Israel a partir de bases estacionadas no quintal da pátria de David. Logo, como é de mediana evidência o Hezbollah, que é uma organização terrorista, deveria ser repudiado pela cúpula das Nações Unidas. Ao invés, subitamente o texto da Carta das Nações Unidas parece ter sido remetido para o baú das curiosidades de uma velha ordem internacional enrolada na utopia das "relações amistosas entre as nações" tendo por finalidade "harmonizar a acção das nações" para a consecução da paz universal entre as Nações. Agora, transformou-se em provedora de iniquidades impostas pelo terror, porquanto, incapaz de estancar o virulento fundamentalismo islâmico, parece rendida à fatalidade da expansão das teocracias muçulmanas.


Paradoxalmente, a ONU do Sr. Kofi Annan que negociou com o Hezbollah o cessar-fogo com Israel, é a mesma ONU que outorgou um segundo mandato à UNIFIL (Força Interina das Nações Unidas no Sul do Líbano) com a garantia de que a esta força militar não caberá desarmar o Hezbollah ! Estas e outras incongruências reforçam o poder daqueles que não querem a paz das Nações mas sim subjugar o Mundo à Lei do Corão e da Sunna. Contudo, esta ineficácia da ONU não é infelizmente um dado da actualidade, assim como o desprezo do mundo árabe pela sociedade das Nações não é de hoje. Ambas, no caso do médio Oriente, remontam à resolução 181 da Assembleia-Geral da ONU, aprovada em Novembro de 1947, que decretou a retirada britânica da Palestina e a fundação neste território de um Estado árabe e um judaico independentes. Esta resolução estará porventura emoldurada nas Nações Unidas mas, como se sabe, foi desde logo rejeitada por árabes e palestinianos. Desde então o conflito tem alastrado, e por via do fundamentalismo islâmico, ameaça expandir-se à escala global. Israel foi só o começo. Afinal de contas, como magistralmente sintetizou Ezequiel Moreira da Silva, "De certa forma, Israel, com a sua sociedade plural e livre e as suas instituições políticas e jurídicas seculares representa o ocidente no médio oriente.". Aqui ao lado, na Europa, a ameaça ao modo de vida Ocidental, de tradição judaico-cristã, é uma realidade que se agiganta com uma explosão demográfica nas comunidades árabes e muçulmanas que fazem gala em professar uma cultura de repúdio pelos países que nesciamente os acolhem como "exilados políticos". Entre nós são apenas 0,55 % da população de Portugal. Contudo, o proselitismo e a empatia emocional com a causa do Islão, tem convertido uma vasta mole de Europeus nados e criados bem longe dos ensinamentos de Maomé. Moda que rapidamente será importada em massa para Portugal. Estas aberrações, que fazem lembrar os cristãos novos de outras eras, são por certo as mutações bizarras a que cada vez mais teremos que nos conformar.


Que os Deuses nos protejam!
...
era para ser mais uma crónica do JNAS no Jornal dos Açores (agradeço com orgulho o estímulo e a filantropia do Nuno Mendes, do José António Rodrigues, do João Paz e, mais recentemente, do Rui Lucas. A todos o meu reconhecimento pelo arrojo e dedicação de um jornal que nunca cuidou de editar uma linha das crónicas que durante um ano remeti para publicação à terça-feira. )

segunda-feira, setembro 25

CONVITE




























Roubado daqui ( de onde também foi sacada a citação abaixo)

contributo

[para o Cherchez la Femme] O Mr. Riley teima em não retornar à nossa companhia e ao prazer da sua escrita (apesar da insistência!). De qualquer forma não me coíbo de contribuir para um seriado de recursos imensos. Amanda Peet é uma das novas actrizes em ascensão na suposta terra de todas as oportunidades, e cuja presença vislumbrei oportunamente numa divertida série intitulada Jack and Jill.

sábado, setembro 23

Convite



André Almeida e Sousa

Desenhos 2005-2006

Prémio ARTCA 2005

Biblioteca Pública e Arquivo de Ponta Delgada

25 de Setembro; 19:00



exposição patente até 25 de outubro

por uma questão de Crédito

Lajes das Flores, 205%

Calheta (São Jorge), 196%

Vila Franca do Campo, 194%

Velas, 180%

(Vila da!?) Praia da Vitória, 131%

Ribeira Grande, 116%

Povoação, 107%

Este é o ranking açórico no que respeita à  lista das câmaras municipais impedidas de recorrer ao crédito com a aprovação da nova Lei das Finanças Locais. Não está nada mal!..

CineClube

The Road to Guantanamo Parte ficção, parte documentário, "A Caminho de Guantanamo" é um olhar que nos leva ao interior da mais polémica prisão americana. O filme relata a história de três muçulmanos britânicos que estiveram detidos durante dois anos, em Guanánamo, Cuba, sem qualquer acusação. Conhecidos como "Os Três de Tipton", numa referência à sua cidade natal no Reino Unido, os três homens tinham deixado o Reino Unido para assistir a um casamento no Paquistão e acabaram capturados e detidos. Foram libertados ao fim de dois anos sem qualquer acusação. Numa altura em que voltam a estar na mesa as suspeitas de violações dos direitos humanos nas prisões americanas e em que o Presidente George W. Bush admite estar a "estudar todas as possibilidades" para Guantanamo, antevendo a hipótese do seu encerramento, o filme de Michael Winterbottom ("9 Canções", "24 Hour Party People") lança novas achas para o debate. "A Caminho de Guantanamo" ganhou o Urso de Prata para Melhor Realizador no Festival de Berlim, em 2006 (CineCartaz/Público). (...) Onde termina o "documento" e começa a elaboração "ficcional"? Ou, se é verdade que não há nenhuma fronteira estável entre uma coisa e outra, como construímos a nossa relação com aquilo que as imagens "mostram" ou "reconstituem"? A partir da odisseia de três jovens muçulmanos britânicos, envolvidos nas convulsões do Afeganistão, «A Caminho de Guantánamo» é um caso tão sedutor quanto discutível de uma via criativa essencial no cinema do presente (João Lopes/Cinema2000). Numa semana escassa em propostas cinéfilas interessantes, este filme apresenta-se-me como imperdível. Em exibição no Solmar.

sexta-feira, setembro 22

A Arte de ser Patrício



...

A Arte de ser Patrício

Nos tempos da Roma Republicana, patrício designava uma camada especial de habitantes da cidade que se distinguiam pela sua nobreza e pergaminhos familiares. Daí a palavra ter-se fixado na língua portuguesa como adjectivo, cujo lastro social nos leva frequentemente a associá-la à qualidade aristocrática. Não é este, contudo, o único sentido do termo, já que a sua raiz etimológica é a palavra patria, designativo locativo latino do sítio onde se nasceu. Assim, ser-se patrício de alguém traduz um sentimento de identidade colectiva que abrange, sem distinções de classe, sexo ou religião, todos aqueles que são da mesma terra. É nesta acepção mais democrática e geográfica da palavra que a evoco a propósito do livro Ponta Delgada: Vandalismo ou Desenvolvimento? pois o presente trabalho de Carlos Falcão Afonso é uma verdadeira declaração de amor à pátria, à pátria que o viu nascer em 1946 na freguesia de São Sebastião, o coração da velha cidade.

Permito-me vincar o ano de nascimento do autor porque essa marcação cronológica é importante para compreender o sentimento conservador que perpassa pela sua obra. Foi precisamente nos anos 40 que começaram a ocorrer intervenções arquitectónicas pontuais que prenunciavam já a grande alteração estrutural da morfologia urbana de Ponta Delgada na década seguinte, quando o aterro e construção da Avenida Marginal vem modificar profundamente o relacionamento da cidade com o mar que lhe estava fronteiro. Embora o discurso modernista e a preocupação com a funcionalidade e estética dos edifícios já tivesse conhecido alguns afloramentos na imprensa local- como, por exemplo, na tão interessante quanto ignorada entrevista feita por Manuel da Silva Carreiro ao escultor Ernesto Canto da Maia em 1925- só na década de 1950, por via da polémica gerada em torno dos edifícios projectados para a nova frente litoral de Ponta Delgada, é que o debate arquitectónico e urbanístico se tornou pela primeira vez um tópico de animada discussão pública, em grande parte protagonizada pelo Arquitecto João Correia Rebelo, cujo ponto culminante será a publicação em 1953 do manifesto intitulado NÃO .
A querela travada entre os Antigos e os Modernos acordou Ponta Delgada para a necessidade de preservar o seu património urbano, cuja identidade seria novamente posta em causa vinte anos mais tarde quando, na década de 1970, se levantou apaixonado debate em torno da chamada Torre da Avenida. Já depois do 25 de Abril, algumas decisões com profundo impacto no que restava da antiga morfologia litoral da cidade, designadamente o aterro da Calheta de Pêro de Teive, ajudaram a manter viva- quanto mais não seja -a consciência cívica de alguns relativamente ao património histórico que a sua cidade ia perdendo na marcha apressada do desenvolvimento urbano.

Carlos Falcão Afonso testemunhou desde a mais tenra infância todas estas demãos de tinta fresca que se foram aplicando sobre a cidade e, deplorando-as, propõe-nos aqui resgatar as cores originais da velha urbe. A forma como escolheu fazê-lo, compendiando informações e documentos fotográficos de grande valor, organizados ao longo dos três eixos estruturantes do casco histórico da cidade, resulta num trabalho notável de- se me é permitida a expressão -cerzideira que reconstitui as malhas caídas do tecido urbano. Hoje, mais do que nunca, a valorização do chão que pisamos deveria ser um imperativo moral, sob pena de não sermos dignos do direito de cidade e, nesse sentido, o presente livro é uma monografia histórica de indiscutível mérito e, para além disso, um verdadeiro manual de urbanidade e boas maneiras.

De tanto falar de História, não vá julgar-se que o médico-cirurgião Carlos Falcão Afonso é um historiador encartado, mas não restem dúvidas de que o seu trabalho se situa na esteira de outros contributos que, desde os alvores do século XX, diversos cidadãos prestantes sem qualquer formação científica na área da investigação histórica nos foram legando sobre a história de Ponta Delgada, tais como Aníbal Bicudo , Aires Jácome Correia , Luís Bernardo Leite Ataíde e José Bruno Tavares Carreiro , ao qual devemos a arte de ter entrelaçado a vida e morte de Antero na biografia da cidade.

Muito antes de haver Universidade nos Açores (1976) e até mesmo a montante da fundação do Instituto Cultural de Ponta Delgada em 1944, já esta cidade se conhecia muito bem a si própria graças a uma honrosa tradição de estudos locais que remonta ao século XIX e teve em Ernesto do Canto o seu símbolo mais luminoso. Do alto da nossa presciência contemporânea, falta-nos muitas vezes tempo para reconhecer aquilo que as gerações antecedentes arrotearam antes de cá chegarmos. Isto, por um lado, porque pelo outro, a progressiva profissionalização do ofício de historiador e o seu respectivo enquadramento universitário também ajudam, ainda que inconscientemente, a branquear os contributos que muitos daqueles a quem condescendentemente chamamos de carolas deram e continuam a dar à cultura histórica de Ponta Delgada. Na pessoa de Carlos Falcão Afonso, que aqui os representa, gostaria de lhes dizer: Obrigado.

Antes de terminar, não posso deixar de referir as circunstâncias em que surgiu este livro, pois também elas merecem a devida vénia. Tive o privilégio de ler e ver em primeira-mão o trabalho agora dado à estampa no Admirável Mundo Novo do ciberespaço, já que o seu autor, com a preciosa assistência técnica da filha, ia publicando regularmente um seriado de postais sobre Ponta Delgada no blogue (Indis)Pensáveis . A blogosfera é o mais amplo espaço de liberdade de expressão hoje existente e, por isso mesmo, encontramos lá de tudo, como na Botica. Entre outras coisas, podemos dar de caras com surpresas tão agradáveis como esta: alguém que, filho do seu tempo, soube utilizar essa prodigiosa ferramenta de edição que é o blogue em benefício da cidade, consagrando-o assim como instrumento de cidadania.

Que a actual vereação camarária de Ponta Delgada tenha tomado a iniciativa de passar a papel aquilo que, de outra forma, seria um graveto perdido na floresta da informação, é uma decisão que a honra a ela e enriquece a todos nós.
Carlos Guilherme Riley

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A Presidência da Câmara Municipal de Ponta Delgada, em parceria com a ANIMA Cultura, lança hoje pelas 21 horas e 30 minutos, no Centro Municipal de Cultura, a prestigiante obra "Ponta Delgada: Vandalismo ou Desenvolvimento?" do Dr. Carlos Falcão Afonso. Brevemente esta edição, patrocinada pela Câmara Municipal de Ponta Delgada, estará numa Livraria perto de si.
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"Dizer Não"... a quê?

Custa-me fazer este post e passei hoje o dia todo a reflectir sobre se o devia ou não fazer, principalmente porque tenho consideração pelo Rui Cabral e considero-o uma pessoa inteligente, capaz e preparada. É exactamente por isso que me custa ter que fazer um post sobre a crónica de hoje do Rui no Açoriano Oriental. O Rui Cabral escreveu hoje isto que passo a transcrever na íntegra para que cada um faça a sua opinião:

Dizer não
21-09-2006
por rui jorge cabral

Entrou esta semana em vigor o Plano Nacional contra a Droga e Toxicodependências. O plano de acção prevê medidas como a criação de salas de injecção assistida (ou salas de chuto); a troca de seringas nas prisões; a preparação de ambulâncias para acudir a situações de overdose ou a velha ideia de fazer mais estudos para compreender melhor o problema.

Por outro lado, subsiste o debate sobre a liberalização das drogas leves, medida que pode ter a vantagem de quebrar o corrente de passagem das drogas leves para as duras que os traficantes tão bem dominam, mas que, no fundo, não resolve o problema, apenas o minimiza. A droga é um problema de carácter. Recordo uma toxicodependente que, num fórum radiofónico, dizia que já andava a tratar-se há anos, mas nunca saía da droga, esquecendo-se que, sem vontade própria, não há tratamento que a cure. Regra geral, as pessoas que vão parar à droga são pessoas que, de alguma forma, têm uma fraqueza de carácter. A dada altura da sua vida, não souberem dizer não a uma amizade perigosa. Em termos muito genéricos, essa fraqueza de carácter pode ser induzida (filho de uma família disfuncional e violenta); pode ser endémica (pessoa que não consegue reagir positivamente às contrariedades normais da vida); pode ser reactiva (menino mimado que não sabe o que há-de fazer da vida e os pais é que têm culpa); pode até ser inconsciente (pessoa tão disponível, que não distingue o lado bom do lado mau da vida). É na família que se previne a droga, com uma boa educação. O resto, são factores incontroláveis. ||


Isto é, na minha opinião, um discurso do mais reaccionário e conservador que consigo imaginar. Reportar as toxicodependências a um problema de carácter não é admissível nos nossos dias. As pessoas não são feitas só pela sua educação, tal como não são feitas só pela sua genética. Desconhecer as enormes imponderabilidades e nuances do ser humano é desconhecer a própria vida. Mas talvez isto seja só uma questão de opinião.

quinta-feira, setembro 21

Coronel Tapioca

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A prédica populista do Presidente da Venezuela, um perigoso homúnculo chamado Hugo Chávez, cujo habitat tropical oscila entre a oleada Venezuela e a castrada Cuba, foi, por certo, música para os ouvidos do lumpemproletariado à escala planetária. No resto foi mais um escarro na face de Bush...sem que tal circunstância tenha gerado grande clamor nos restantes "Ocidentais" que, por via da aliança com o amigo Americano, por certo também não se livraram de apanhar com uns perdigotozitos.

Munido de "Hegemonia ou Sobrevivência - A Demanda Americana pelo Domínio Global", do "ensaísta" Noam Chomski, o que, convenhamos, dava um certo lustro de intelectual à criatura, Chávez, do alto do púlpito da Assembleia Geral da ONU, sentenciou : "O Diabo está em casa. O Diabo passou por aqui ontem, este lugar ainda cheira a enxofre." . Porventura inspirado no humor tele-evangelista do irmão Louçã e quejandos, Chávez prosseguiu o seu número circense cujo registo se aproximava cada vez mais do caricato Coronel Tapioca. Entre sorrisos cúmplices e gargalhadas pavlovianas disse : "Ontem, a partir desta mesma tribuna, o Senhor Presidente dos EUA, a quem eu chamo o Diabo, veio aqui falar como se fosse o dono do mundo. Um psiquiatra não estaria a mais para analisar o seu discurso. Como porta-voz do imperialismo, veio dar-nos a sua receita para garantir a continuidade dos actuais esquemas de domínio e de saque. Se fosse um filme de Alfred Hithchcock, bem poderia chamar-se A Receita do Diabo." Daí a um passo no sentido de instar a comunidade internacional a acolher a beatitude do Irão foi um instante.
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É caso para dizer Vade retro Satanás ... e à cautela chamem o exorcista.

ZENitudes

«O vendaval passou.
Só sei que me encontrei.
Nada mais resta.
E que eu enfim sou eu.
E sei que ninguém mais rirá de mim»
Uma entrada por via do Enviado Especial [Alexandre Correia].

O Assobio da Cobra

Estreia hoje no São Luiz. O texto é do NunoCS e a música de Manuel Paulo. Em cartaz até 26/11/06 em Lisboa. Ou em trânsito pelo país&ilhas algures em 2007...o tempo o dirá. Um @braço e muita M***a!

quarta-feira, setembro 20

Mais logo...
























pelas 18h30m, no Hotel S. Pedro, lançamento do novíssimo Guia Turístico de S. Miguel.
A edição é da VerAçor e a fotografia de José António Rodrigues.

o furacão espectáculo

Agora que estamos entre tempestades, acabou de passar perto uma e está quase a passar ao largo outra, é talvez a melhor altura para reflectir sobre o que realmente aconteceu e sobre aquilo que a comunicação social na sua maioria, as televisões em particular, quiseram que acontecesse. Confesso que não andei colado aos telejornais e outro tipo de telespectáculos mas do que vi fiquei com uma desagradável sensação de mediocridade e sensacionalismo. Bem sei que já devia estar acostumado, que é este o nível dos editores e por aí a fora, mas quando estamos a falar de questões que podem por em causa a vida de pessoas seria legítimo um maior cuidado no tratamento das notícias. Devo dizer que do que vi a RTP-A até nem foi das piores, principalmente quando comparada com a miserável cobertura que quer a SIC, quer a TVI deram ao acontecimento, se bem que, e como muito bem realçou o Alexandre, aquele directo bigbrotheriano pela noite dentro ao som de violinos fúnebres seja altamente discutível. A mim o que me perturba é a ignorância, o atrevimento, a desfaçatez, a arrogância e a impunidade dos meios de comunicação social que trataram o Gordon como uma oportunidade de sangue, criando um pânico desnecessário, desinformando as populações e descrevendo o evento com cores de calamidade pública numa ânsia mórbida de catástrofe, em vez de optarem por uma postura pedagógica, factual, dito numa palavra noticiosa. A SIC enviou uma equipa de repórteres para a Terceira que se estivessem a almoçar no restaurante do peixe em São Mateus ou a fazer aquelas reportagens era a mesma coisa. Tudo aquilo era estúpido. Depois o que chateia mais é a ignorância, ninguém se lembrou de explicar o que é uma escala de Saffir-Simpson, ninguém alertou para a total imprevisibilidade de fenómenos deste género, as mutações, os desvios de rota, a anormalidade climática de um fenómeno destes nesta região, transformaram o Gordon num Katrina e acabaram com um dia de Outono. A vontade de espectáculo é sempre maior do que a responsabilidade de informar factualmente. Um furacão é um fenómeno raro nestas latitudes. Querer prever com a certeza de horas onde e como um furacão vai atingir é uma tarefa impossível. Estes directores de informação e editores e directores das televisões que temos adoram sangue, esperemos que estejam atentos à chuva que vai cair em Lisboa.

9 meses

e um furacão depois.

Gattaca



Mais logo à noite vou refastelar-me no sofá novamente na companhia de Uma Karuna Thurman. Depois do festim dos dois Volumes de Kill Bill, despachados durante a madrugada passada à espera de um furacão que não chegou, a programação de hoje promete nova adoração da diva de Tarantino. O confrade Kzar do Tapornumporco assevera-me que este Gattaca é um dos melhores filmes de ficçao científica da década de 90. A ver vamos se o registo Orwelliano deste drama eugénico honra os pergaminhos desta musa do cinema moderno. Gattaca passa as 23. 30 (local time) no canal Hollywood....Seja como for, nas duas mãos da Uma, até as rosas são apetecíveis

Flop Gordon


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Por Toutatis (por sinal um bom nome para um furacão) o céu não caiu em cima das nossas cabeças. Para aqueles que não gostam nem sequer de gracejar com a mitologia ou a hagiografia alheia dir-se-á que o Gordon transformou-se num flop por obra e graça do Divino. Cá por mim, a fazer fé nas fotos da NASA, cuidei de por trancas à porta, desejando a intercessão da providência para que a chuva não se transformasse em dilúvio. Passo bem com ventos ciclónicos e até com os tremeliques sísmicos que nos visitam regularmente. Todavia, estremeço sempre que a chuva arrasta consigo a reminiscência de tragédias como a da Ribeira Quente.

HURRICANE:update2

Ponta Delgada. 20/09/06. 09h30. O Gordon parece diluído. No entanto, é o Helen que ameaça surpreender.

o absurdo

em directo via rtp-a (o Absurdo foi um post intempestivo perante a emissão all nighter - em directo - da RTP-A. O desastre eminente que ameaça(va) os Açores visto em directo e com direito a sinfonia - voyeurismo e sensacionalismo gratuito(s). Indignação perante esta opção foi o que me levou a intitulá-la de Absurda).

segunda-feira, setembro 18

R ADIANTE

Em forma de aplauso...

por esta iniciativa.

O Orgulho da Razão



Na repescagem dos Jornais de fim de semana leio a notícia do falecimento de Oriana Fallaci. Notável jornalista cosmopolita que entrevistou meio mundo durante meio século. Avessa ao torpor gregário das ditaduras, bem como dos fundamentalismos ideológicos, compreende-se que, no decorrer da II Guerra Mundial, tenha iniciado a sua militância a favor da Democracia nas brigadas da resistência "Justiça e Liberdade". Daí em diante fez melhor uso da pena do que da espada, conseguindo desnudar personalidades fortes, como por ex. Álvaro Cunhal que, entrevistado em 1975, perante Oriana Fallaci deixou cair a sua fantasia de democrata afirmando literalmente que : "Nós, os comunistas, não aceitamos o jogo das eleições(...)Asseguro-lhe que em Portugal não haverá Parlamento". Esta gigantesca Mulher morreu aos 77 anos, em Florença, na mesma cidade onde nasceu. O Mundo Livre ficou mais pobre e em geral menos controverso. Reli há duas semanas a "Raiva e o Orgulho"... julgo ser tempo de prestar igual homenagem à "Força da Razão".

Dúvidas cinematográficas.

F*CK um documentário de Steve Anderson.

"The word "fuck" and its variations are used 629 times throughout this 93 minute documentary, making an average 6.76 f-words a minute"



Será tudo substituído por Bips?









SHORTBUS um filme de John Cameron Mitchell.


Será este o poster oficial em Portugal?











Em que secção serão arrumados nos clubes de vídeo?

domingo, setembro 17

Dicotomia

de Ponta.  Se há censura daí o porquê desta notícia!??? E se os "merdia" o censuram - o Jornal Diário não é entendido como media mas sim "merdia"!??? O diário bloguístico deste cronista aspirante aos "merdia" pode ser acompanhado aqui.

descubra as diferenças

Aqui.

sábado, setembro 16

weekend postcards

Rua de Lisboa, Sábado, 16/09/06, 13h30. Percorro a Rua que me viu crescer e passo por 2 turistas que aguardam, como quem por hábito espera numa paragem de autocarros, a passagem do minibus de serviço. Sei que horários não existem e no hotel ali próximo, provavelmente, nem o recepcionista saberá responder - existem minibus ao fim-de-semana!?. Abordo-os e informo que não existem autocarros durante a tarde de sábado e ao domingo. Agradecem e seguem o seu passeio. Os Minibus são uma das melhores medidas implementadas por este executivo camarário mas carecem de upgrade. Senão caem no sério risco de ser um modelo falhado, senão vejamos: A introdução destes pequenos autocarros servia o propósito de retirar os carros do centro da cidade e colocá-los em parques na periferia, tal nunca veio a acontecer e tornaram-se, isso sim, no 1º exemplo eficaz de transportes públicos urbanos em Ponta Delgada; Ao fim de 3/4 anos de funcionamento a rede estabelecida devia ser muito mais abrangente, com mais autocarros em circulação e de de forma contínua, numa palavra +++ Ambicioso; não existe informação (horários, sobretudo) disponível nas paragens, nem em português nem em inglês, não existe simplesmente. Quem gere esta questão não os utiliza e, muito provavelmente, não sente nem nunca sentiu necessidade na sua utilização e, talvez por isso, não perceba da extrema comodidade que os Minibus introduziram à cidade. Aos Turistas desejo-lhes sorte. Pois, a informação (não só a relativa aos minibus mas aos restantes autocarros que servem a ilha e a muitos serviços) é escassa e rareia quem saiba informar. Amanhã é Dia sem Carros -  será que vamos ter algum minibus ao serviço da minimização do uso do automóvel na Cidade!? Temo que não.  Vamos, invariavelmente, assistir a uma cidade deserta, cujo munícipe confrontado com a impossibilidade de locomoção foge ao centro e refugia-se noutro. Velhos hábitos e medidas descompensadas não ajudam a que esta cidade seja verdadeiramente feliz. Sinto o Centro de Ponta Delgada como um idoso só e abandonado à sua sorte!

sexta-feira, setembro 15

Disse...

"Os Açores são muito bonitos, mas a nível cultural não têm, ainda, estrutura. Portugal também é pequenino, nós temos um museu fantástico, que é a Fundação de Serralves, mas o mundo da arte é uma coisa global, que não está num sítio só"

Ruben Verdadeiro na rubrica Sair da Garagem do suplemento 6ª do DN de hoje.

cadê o Cherchez

Uma entrada em homenagem ao retorno eminente do Botica. Ah, a menina em Destaque é colombiana e tem por apelido Vergara.

Vox Populi


Andy Warhol/Empire State Building (Empire que, pelas piores razões,voltou a ser o mais alto edifício de NY)
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Prós e contras

"Como se pode sequer comentar a frase de Mário Soares: "Os terroristas fazem mal, mas os que o combatem fazem ainda pior"(?) E sempre o discurso de eterna desculpabilização: porque são pobres e - meu Deus! - porque se sentem humilhados."
Carla Quevedo, terça-feira 12 de Setembro no Bomba Inteligente.

"os métodos de detenção, interrogatório e tortura utilizados pelos EUA - agora confirmados pelo próprio Bush depois de os ter negado - mostram que o Ocidente se aproxima do fundamentalismo que quer combater.".
Joana Amaral Dias, terça-feira, 12 de Setembro no Açoriano Oriental.

"Comissão de Inquérito" ao Fundo Social de Socorro

"O PSD vive na ilusão de que o PS criou uma rede de apoios na Segurança Social que funciona como um sindicato do voto, accionado a cada acto eleitoral."
José San-Bento, Sábado, 9 de Setembro, no Jornal dos Açores.

"o PS pretende uma Comissão de Inquérito amordaçada e com o único propósito de concluir que tudo está no melhor dos mundos, no reino da Segurança Social. O pior é que não está! Afinal, a circunstância do Governo Regional ter atribuído em 2004, mais de 25 milhões de euros (cinco milhões de contos) em subsídios, sem suporte legal e nas mais diversas áreas, tem um peso insuportável."
Pedro Gomes, quinta-feira 14 de Setembro no Jornal dos Açores

Meloas e Melões

"Exceptuando as meloas e o festival "Maré de Agosto", Santa Maria não produz nada que faça entrar dinheiro na ilha.".
Emanuel Carreiro, quinta-feira 14 de Setembro no Jornal dos Açores.

"Lidar com homossexuais não terá qualquer diferença do lidar com heterossexuais."
Miguel Brilhante, quarta-feira, 6 de Setembro no Açoriano Oriental
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posted by João Nuno Almeida e Sousa

V de Vigarice

Está à venda nos quiosques de Ponta Delgada o filme "V de Vingança" editado pelo Público pelo exorbitante preço de 26,38 euros - preço anunciado na capa do jornal é 19,99 euros.

O mesmo filme, a mesma edição, poderá ser adquirido por 21,00 euros, numa qualquer loja de dvs.
Com os mesmos euros, e ainda se recebe troco, está também disponível a edição Especial (2 dvds) cheio de extras, pelo preço de 24,00 euros.
E para quem quiser dispender de mais 62 cêntimos sempre poderá optar pela Edição Deluxe (2 dvds) + Comic.








Será que estes são contabando não pagam portes?


Pequena obra de arte



CIDADE DE VIDRO
de Paul Auster

desenhos de David Mazzuchelli e Paul Karasik

prefácio de Art Spiegelman

Edições ASA
| 138 págs. |15 euros

Na opinião do Comics Journal este é um dos 100 melhores comics do século

quinta-feira, setembro 14

...summertime

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(posted by João Nuno Almeida e Sousa)

Fora de portas

2 sugestões para quem passar por Lisboa nos próximos dias.
2 exposições de jovens artistas açorianos inseridas no programa Lisboarte - 16 inaugurações simultâneas
























LUÍS BRILHANTE
"ESPAÇOS DE CONCENTRAÇÃO"
GALERIA MONUMENTAL - LISBOA
16 DE SETEMBRO A 28 DE OUTUBRO


+ INFO



.......




















PAULO DAMIÃO
"UM LUGAR AO LADO DO CORAÇÃO"

GALERIA ARTE PERIFÉRICA - LISBOA
9 DE SETEMBRO A 3 DE OUTUBRO

+INFO

Gulbenkian

Hoje e amanhã o Ano Mozart é celebrado em Ponta Delgada . A última deslocação do Coro e Orquestra Gulbenkian aos Açores aconteceu em 2001, aquando da III edição do MA.

quarta-feira, setembro 13

...eu hoje acordei assim !

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Um dos mais esperados comeback´s dos últimos anos já aí está. Modern Times, de Bob Dylan, ao contrário do que o título sugere, não é um paradigma de modernidade, mas sim um mergulho nas raízes da canção norte-americana com um fabuloso blend de folk, country, blues e rock and roll. É um disco vintage que parece ter sido editado há várias décadas...curiosamente foi-me revelado pela banda FM do meu venerável Datsun 1200 de 1971 !
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(disponível na Disrego por 18,95.)

terça-feira, setembro 12

Parabéns

sabedoria popular para o séc xxi

antigamente sabiamos que o Verão estava a acabar, e com ele as férias, quando surgiam as primeiras beladonas, popularmente conhecidas como meninas-para-a-escola, hoje em dia é quando começam a aparecer os primeiros insultos anónimos nas caixas de comentários dos blogues

segunda-feira, setembro 11

Quantos de nós são detentores de todas as verdades?

É bom ter certezas. É muito bom achar que se sabe sempre tudo sobre todos os assuntos, nunca ter dúvidas. O melhor de tudo é mesmo quando naquelas questões que são maiores do que nós, nos assuntos que nos ultrapassam totalmente, acreditar que uma ideia que nos é transmitida, uma palavra, são a verdade e toda a verdade. Vivemos num tempo de incertezas. Vivemos num tempo em que é impossível abarcar todo o conhecimento, toda a verdade. Quando confrontados com algo assoberbante tendemos para o maniqueísmo. Ou é branco ou é preto. Ou é bom ou mau. Esquecemos que o homem é cinzento, cheio de nuances, repleto de enigmas. Algumas mentes engajadas querem transformar o 11 de Setembro num catalizador ideológico, num íman para guerras passadas e futuras. A mim interessa-me apenas lamentar os mortos, todos os mortos de todas as guerras e de todas as catástrofes, mas também, e mais importante, questionar, estudar e aprender com essas mortes. O meu post de ontem parece ter levantado muitas animosidades e alguns insultos. A única coisa que eu pretendia era questionar a verdade de um acontecimento fulcral para o nosso tempo, para o tempo que nos foi dado viver. Passados cinco anos são mais as perguntas do que as respostas sobre tudo o que se passou nesse fatídico dia. Para mim que acredito na democracia e no estado de direito parece-me inaceitável que cinco anos depois as nações ocidentais não tenham sido capazes de trazer os indivíduos responsáveis por esta tragédia à justiça, aos tribunais, sejam eles quem forem. Parece-me inaceitável que as nações ditas mais avançadas do mundo não tenham conseguido demonstrar todo o seu avanço na apresentação duma explicação cabal para o que aconteceu e na punição, para usar a expressão de Scruton, dos verdadeiros culpados. Cinco anos depois são ainda muitas as perguntas, muitas as dúvidas e isso para mim é inaceitável. É inaceitável que pessoas que se dizem interessadas e que são inteligentes recusem questionar algo que não está cabalmente explicado. Interessa-me pouco a divisão ideológica ou a politização desta questão. Recuso-me, como sempre me recusei, a ver o mundo em duas facções, em tons de preto e branco, não me interessa estar em nenhum lado, de nenhuma barreira. Para mim e digo-o com toda a sinceridade só me preocupa a causa da humanidade. Este é um assunto que só a história tornará parcialmente claro, um dia os nossos descendentes saberão o que se passou, isto se nós lhes deixarmos um mundo para viverem, e questionarem.

Act: o Francisco fez o post que melhor homenageia Manhattan e eu que também amo essa ilha gostava de subscrever este post do Francisco.

9 / 11

"O espectáculo da liberdade e da prosperidade ocidentais, seguindo a par da decadência e da derrocada das lealdades do Ocidente, não pode deixar de provocar entre os que invejam a primeira e desprezam a segunda, um desejo ardente de punir"

Roger Scruton
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Com o descalabro das torres gémeas do World Trade Center o Mundo dividiu-se em dois blocos assimétricos. Consequentemente, do terrado dos escombros do Ocidente emergia uma declaração de guerra estrondosamente assinada pelo fascismo islâmico. Porém, enquanto algumas cigarras de luxo debatem a natureza atípica desta "guerra", do outro lado, um bloco global vai expandindo as metástases da Jihad. Com efeito, o tumor maligno venerado por Bin Laden e seus sequazes é global. Ao contrário daqueles que querem esquecer, tenho ainda presente que logo após o 11 de Setembro o rebanho de Allah rejubilava em manifestações de alegria enxameando a rua árabe num iracundo transe vociferando: Allah-akbar, Allah-akbar. Subitamente, à escala planetária, Bin Laden era um avatar do profeta Maomé. Se as manifestações de júbilo pelo terror vivido no WTC não causavam assomo em lugares como o Afeganistão, a Palestina ou até mesmo o Líbano, não deixavam de causar um visceral nojo quando tiveram lugar em França, Alemanha e até na Inglaterra ! Muitos de nós, aturdidos pela catástrofe, temíamos pela globalização de uma Cruzada às avessas e olhávamos com asco para a pandilha de rodilha na cabeça que em solo Europeu conspirava contra o Ocidente. Outros, há muito infectados com o vírus do "relativismo cultural", ainda buscam uma aproximação racional do ódio islâmico e, in extremis, advogam negociar com o terror. Infelizmente, hoje, é cada vez mais claro que essa máquina de guerra existe e está ao serviço do fascismo islâmico que não pretende conquistar o nosso território mas sim a nossa civilização. Afinal de contas a palavra Islam significa literalmente "submissão". Infelizmente a congregação de "submissos" entre nós é cada vez maior. À margem desta realidade uma vasta prole, na maioria órfã das malogradas aventuras comunistas, por solidariedade com os estados falhados e mimetismo com a intelectualidade hostil aos Estados Unidos e a Israel, vai sucumbindo aos cantos dos muezzins de pacotilha e simpatizantes da "causa islâmica".

Na manhã de 11 de Setembro de 2001 o ataque ao WTC simbolizou para a "causa islâmica" o castigo de uma obscenidade pagã que era um ícone do capitalismo e do american way of life. Desse negro dia de Setembro, retenho como milhões, a imagem do Falling Man. Imagem tão poderosa que chegou a ser autocensurada na imprensa americana ! Não terá sido por certo a primeira vítima do prenúncio do terrorismo global que o 9 / 11 prometia; contudo ficará para a história como o soldado desconhecido desta guerra que não terá fim. Infelizmente a identidade do falling man é apenas mais um mistério que se esconde sob o véu de ambiguidades deste Setembro negro. Assente o pó da derrocada iconográfica das torres do WTC as perguntas superam as respostas; porém, o Mundo e os Americanos também já perceberam que a administração Bush não é capaz, ou não quer, providenciar a chave de tantos pontos de interrogação que pontuam o pós-11 de Setembro. Contudo, o silêncio reverencial e a submissão cega são marcas civilizacionais do islamismo. Nós, ao invés, preferimos a liberdade, e como assinalou Oriana Fallaci : "há momentos na vida em que calar se torna uma culpa e falar uma obrigação". Nunca calemos o 11 de Setembro de 2001.

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posted by João Nuno Almeida e Sousa
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(galeria do digital journalist / a história pela identidade do homem em queda pode ser lida aqui numa excelente peça jornalística da Esquire)

11 de Setembro de 2001



alguém sabe o que realmente se passou?

domingo, setembro 10

BIP BIP

Essa é uma das muitas histórias
Que acontecem comigo
Primeiro foi Susi, quando eu tinha a lambreta
Depois comprei um carro, e parei na contramão
Tudo isso sem contar o tremendo tapa que eu levei
Com a história do splish splash
Mas essa história também é interessante...
Mandei meu Cadillac pro mecânico outro dia
Pois há muito tempo um conserto ela pedia
E como vou viver sem um carango pra correr
Meu Cadillac bip bip
Quero consertar meu Cadillac.
Com muita paciência o rapaz me ofereceu
Um carro todo velho que por lá apareceu
Enquanto o Cadillac consertava eu usava
O Calhambeque bip bip
Quero buzinar o Calhambeque.
Saí da oficina um pouquinho desolado
Confesso que estava até um pouco envergonhado
Olhando para o lado com a cara de malvado
O Calhambeque bip bip
Buzinei assim o Calhambeque.
E logo uma garota fez sinal para eu parar
E no meu Calhambeque fez questão de passear
Não sei o que pensei mas eu não acreditei
Que o Calhambeque bip bip
O broto quis andar no Calhambeque.
E muitos outros brotos que encontrei pelo caminho
Falavam que estouro, que beleza de carrinho
E eu fui me acostumando e do carango fui gostando
O Calhambeque bip bip
Quero conservar o Calhambeque.
Mas o Cadillac finalmente ficou pronto
Lavado, consertado, bem pintado, um encanto
Mas o meu coração na hora exata de trocar
O Calhambeque bip bip
Meu coração ficou com o Calhambeque.
Bem, vocês me desculpem mas agora eu vou-me embora
Existem mil garotas querendo passear comigo
Mas é por causa desse Calhambeque, sabe?

By, By.

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O calhambeque
letra de Erasmo Carlos

Saúde !

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"O jantar findava. Fora, o sol deixara o terraço e a quinta verdejava na grande doçura do ar tranquilo, sob o azul-ferrete. Na chaminé só restava uma cinza branca: os lilazes das jarras exalavam um aroma vivo, a que se misturava o do creme queimado, tocado por um fio de limão: os criados, de coletes brancos, moviam o serviço de onde se escapava algum som argentino: e toda a alva toalha adamascada desaparecia sob a confusão da sobremesa, onde os tons dourados do Vinho do Porto brilhavam entre as compoteiras de cristal."

Eça de Queiroz / "Os Maias"
...



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O Vinho do Porto continua a brilhar mundo fora levando consigo o melhor da arte Portuguesa esculpida nas encostas do Douro. Coroa de glória da mais antiga região demarcada do Mundo, o Porto faz-se acompanhar de um séquito cada vez mais valoroso de tintos e brancos. Actualmente algumas heréticas bastardias têm gerado impensáveis vinhos espumantes e até rosé.

A Região Demarcada do Douro, Património Mundial por classificação da Unesco, remonta formalmente há 250 anos quando, em 31 de Agosto de 1756, "os principais lavradores do Douro e homens bons da cidade do Porto" assinaram com o visionário Marquês de Pombal o articulado estatutário da Companhia Geral de Agricultura das Vinhas do Alto Douro, subsequentemente confirmado por alvará régio de D. José em 10 de Setembro do mesmo ano.

Assim se fundou a demarcação da região duriense cuja circunscrição actual remonta à última alteração operada em 1921, mas cuja região vitícola é assinalada historicamente em documentos que remontam à ocupação Romana e são expressamente vertidos em letra de lei em documentos Medievais, como por exemplo, no Sec. XI os forais de São João da Pesqueira. Curiosamente nos Sec. XV e XVI os vinhos brancos eram os vinhos de maior cotação na região. Mas, no final do Sec. XVII o Vinho de Porto tomava de assalto o trono da região demarcada. Recorde-se a propósito que, para a consagração do Porto contribuiu o patrocínio do tratado de Methuen, obrigando-se a Inglaterra a conferir um tratamento preferencial ao Vinho do Porto em detrimento do consumo de zurrapas francófonas!

Tratando-se de uma indústria Portuguesa, cedo se produziram fraudes recorrendo a mistelas com vinhos de outras regiões ou uvas cultivadas fora do terroir do solo duriense. Vigilante, o implacável Marquês de Pombal, mitigou fortemente os embustes vitícolas criando a região demarcada através de marcos de pedra com a inscrição "feitoria" que limitavam as explorações cadastradas na Companhia Geral de Agricultura das Vinhas do Alto Douro. A Companhia cadastrou as quintas produtoras, fixou quotas de produção e fiscalizou o cumprimento da interdição da introdução de vinhos estranhos na região. Em suma: executou uma política de qualidade e genuidade do vinho produzido no Douro cujos alicerces apenas tremeram com a calamidade da filoxera nos anos 70 do Sec. XIX. Superada a crise com novos vinhedos o Porto surge rejuvenescido, dignificado e diversificado. Essa renovação fica marcada com a tipologia de Vinho do Porto consolidada no final do Sec. XIX arrumando-o em vinhos vintage, tawny e ruby. Hoje, passados precisamente 250 anos da fundação deste Património Português, o Douro continua em renovação. Exemplo dessa permanente inquietação está na expectativa da entrada no mercado dos Vinhos Tintos da Quinta do Noval (com a estreia de um Tinto 2004) produzido pelos mestres do mítico Porto Vintage Quinta do Noval Nacional. Na esperança de que o preço não ascenda às altitudes impensáveis do Porto Vintage Quinta do Noval Nacional aguardo com curiosidade mais um fruto nado e criado na mais insigne e antiga região demarcada do mundo: o "nosso" Douro. Saúde.
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posted by João Nuno Almeida e Sousa

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Diz a TSF.

quinta-feira, setembro 7