segunda-feira, setembro 11

Quantos de nós são detentores de todas as verdades?

É bom ter certezas. É muito bom achar que se sabe sempre tudo sobre todos os assuntos, nunca ter dúvidas. O melhor de tudo é mesmo quando naquelas questões que são maiores do que nós, nos assuntos que nos ultrapassam totalmente, acreditar que uma ideia que nos é transmitida, uma palavra, são a verdade e toda a verdade. Vivemos num tempo de incertezas. Vivemos num tempo em que é impossível abarcar todo o conhecimento, toda a verdade. Quando confrontados com algo assoberbante tendemos para o maniqueísmo. Ou é branco ou é preto. Ou é bom ou mau. Esquecemos que o homem é cinzento, cheio de nuances, repleto de enigmas. Algumas mentes engajadas querem transformar o 11 de Setembro num catalizador ideológico, num íman para guerras passadas e futuras. A mim interessa-me apenas lamentar os mortos, todos os mortos de todas as guerras e de todas as catástrofes, mas também, e mais importante, questionar, estudar e aprender com essas mortes. O meu post de ontem parece ter levantado muitas animosidades e alguns insultos. A única coisa que eu pretendia era questionar a verdade de um acontecimento fulcral para o nosso tempo, para o tempo que nos foi dado viver. Passados cinco anos são mais as perguntas do que as respostas sobre tudo o que se passou nesse fatídico dia. Para mim que acredito na democracia e no estado de direito parece-me inaceitável que cinco anos depois as nações ocidentais não tenham sido capazes de trazer os indivíduos responsáveis por esta tragédia à justiça, aos tribunais, sejam eles quem forem. Parece-me inaceitável que as nações ditas mais avançadas do mundo não tenham conseguido demonstrar todo o seu avanço na apresentação duma explicação cabal para o que aconteceu e na punição, para usar a expressão de Scruton, dos verdadeiros culpados. Cinco anos depois são ainda muitas as perguntas, muitas as dúvidas e isso para mim é inaceitável. É inaceitável que pessoas que se dizem interessadas e que são inteligentes recusem questionar algo que não está cabalmente explicado. Interessa-me pouco a divisão ideológica ou a politização desta questão. Recuso-me, como sempre me recusei, a ver o mundo em duas facções, em tons de preto e branco, não me interessa estar em nenhum lado, de nenhuma barreira. Para mim e digo-o com toda a sinceridade só me preocupa a causa da humanidade. Este é um assunto que só a história tornará parcialmente claro, um dia os nossos descendentes saberão o que se passou, isto se nós lhes deixarmos um mundo para viverem, e questionarem.

Act: o Francisco fez o post que melhor homenageia Manhattan e eu que também amo essa ilha gostava de subscrever este post do Francisco.

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