terça-feira, maio 23

Vanitas vanitatum et omnia vanitas



Confesso que apesar de ser espectador frequente da Sic-Comédia depois do burlesco debate de ontem com Carrilho vou passar a estar mais atento às "sitcoms" (ou comédias de situação na língua de Camões) do Canal 1 da RTP. Com efeito, o circo de ontem na arena do prós e contras, "ao vivo e em directo", foi absolutamente hilariante e o estilo "non sense" de Manuel Maria rivaliza com os delírios dos Monthy Pitons no seu melhor.

Quanto ao narcisista Carrilho é caso para dizer que não tem emenda e representou o Partido Socialista no seu pior. Com uma desfaçatez de proporções homéricas Carrilho foi um estereotipo da repelente esquerdazinha caviar, cujo habitat natural oscila entre o "jet set" da cultura postiça e o "passe partout" da "beautifull people" que, de quando em vez, condescende em descer à terra para misturar o seu perfume com os odores subsovaquianos do povo...o que é aliás assaz frequente em época de campanhas eleitoral com as arruadas e as peixeiradas de feira. Apesar de tudo o povo ingrato não elegeu Carrilho - (e por arrasto a sua portentosa mulher e o infante Diniz Maria) - para presidente da Câmara Municipal de Lisboa.

Mal digerida a derrota Manuel Maria Carrilho atirou-se à escrita de um "best-seller" do estilo de Dan Brown. Surge pois a obra "Sob o Signo da Verdade" que dizem as mais línguas não passa de literatura de cordel cor-de-rosa. Em bom rigor o género literário mais próximo será o da literatura fantástica. Com efeito, o enredo desenrola-se a partir de uma teia conspirativa que armou um conluio para derrotar Carrilho. Imagine-se o tamanho do ego deste homem que acredita na existência de uma "associação criminosa" cujo objecto social é a sua derrota nas urnas! O argumento sucinto congrega um cartel de grotescos agentes imobiliários, mancomunados com tenebrosas agências noticiosas, que foram untando as mãos aos medonhos escribas e peçonhentos "opinion makers" da imprensa. Logo, para o imaculado Carrilho a sua derrota resultou de uma conspiração que instrumentalizou a comunicação social contra a sua campanha!

Miguel Sousa Tavares, um dos putativos conspiradores a juntar a uma extensa lista que inclui nomes de "comentadores ventríloquos" (para o usar o léxico de Carrilho) como José Pacheco Pereira ou Marcelo Rebelo de Sousa, escreveu hoje, no Clube de Jornalistas, que "Manuel Maria Carrilho foi derrotado não pelos comentadores mas pelos comentários que ele próprio atraiu sobre a sua pessoa. Um ano depois, continua, pelos vistos, sem ter percebido nada.". Tal conclusão explica e justifica o delírio do "complot" engendrado nas literatas meninges de Carrilho sempre deslumbrado com o espelho que reflecte a sua imagem e encantado com as luzes da ribalta cintilando na sua melena de intelectual de esquerda. Contudo, não imagino que estes ingredientes sejam suficientes para um pastiche Português do "Código Da Vinci" ou algo semelhante, mas seguramente serviriam para uma revista à Portuguesa onde Carrilho seria o cicerone de uma comédia aparvalhada onde todos se riem dos dislates da estrela de cartaz.

Quem não viu ontem o debate em registo de vaudeville por favor não perca hoje a reposição do mais recente descarrilamento de Manuel Maria na RTP-N à 1 hora e 30 minutos (hora de Lisboa).

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