quarta-feira, dezembro 29

Paz na Irlanda


Mural depicting Bloody Sunday in Londonderry

As desgraças e as guerras são espremidas até a última gota por todos os meios de comunicação que nos rodeiam. Raramente nos contentamos a beber do copo das boas notícias.
Ontem à noite, já deitado na minha cama, lembrei-me da paz na Irlanda (o que prova que estava sozinho). Nunca mais foi manchete o facto de a paz na Irlanda do Norte ser uma realidade que ainda hoje é negociada e conquistada ao milímetro. Já lá vão seis anos (estamos a falar na era anterior ao 9/11) desde que foi assinado o tratado da Sexta-feira Santa e desde que John Hume e David Trimble ganharam o seu Nobel da Paz.
Os "ocidentais" vivem na ilusão de que a selvajaria é comportamento que nos é estranho e que nos diferencia das outras culturas. É mentira. O vizinho século XX foi um século, do princípio ao fim, de barbaridades, praticadas entre nós, por toda a Europa, moderna e sofisticada. Ainda existem, entre nós assassinos e vitimas desses momento de históricas vergonhas. Mas, como em outras culturas, existem homens e mulheres de boa vontade, e de uma coragem imensurável, que é a coragem de negociar a paz com os que se encontram no campo de batalha, olhos nos olhos, com os carrascos e com as vitimas, com os fortes e os fracos, com os vencidos e os vencedores.
Celebremos, pois, em 2005, a paz dos irlandeses e dos homens e mulheres de boa vontade.

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