quarta-feira, setembro 30

a pandemia como estandarte eleitoral

 


Muito haveria a dizer sobre o debate da RTP-A de ontem e mesmo sobre os outros 8 debates anteriores, a começar, desde logo, por essa autêntica farsa insultuosa dos cabeças de lista por São Miguel não terem marcado presença, quando os próprios debates foram anunciados e promovidos pela RTP-A como sendo com os cabeças de lista por ilha, tal como foram os anteriores 8, e como deveria inevitavelmente de ser. Um momento que ficará na história como pináculo do desrespeito pela democracia, o regime parlamentar e a inteligência do povo açoriano. Mas, foquemo-nos no momento final, na fantabulástica declaração de apelo ao voto de Francisco Cesar. Nesses curtos segundos de retórica televisiva o secretário coordenador de ilha do PS, ex-líder da bancada parlamentar, número cinco da lista, suposto futuro secretário regional da economia, com tutela do turismo, e putativo candidato a líder do PS-A e a Presidente do Governo, reduziu 24 anos de governação e de propositura de mais 4, aos seis meses de gestão da pandemia. Para Francisco Cesar a razão para se votar no PS-A é “porque o Governo do PS foi eficiente no combate à pandemia”. Esta eleitoralização da doença, da dor, do medo é, também ela, mais do que um insulto, uma manipulação pérfida e maquiavélica da luta política e da transparência democrática. Já todos tínhamos intuído que seria este o caminho que o PS quereria percorrer, os sinais estavam todos lá, desde os idos de Março, e foram-se adensando à medida que o tempo ia e for passando até chegarmos ao dia 25. E, é precisamente por isso que é preciso desmascarar e combater esta estratégia. O PS-A e Vasco Cordeiro deveriam apresentar-se a estas eleições como o partido e o líder melhor preparado para continuar a governar os Açores num esforço para equilibrar o crescimento económico com a sustentabilidade e o desenvolvimento social. Criando riqueza e sabendo redistribui-la em benefício das populações, do Corvo a Santa Maria. Em lugar disso, o PS-A, opta por se agarrar à narrativa pandémica, pontilhada de pânicos, receios e outras veladas ameaças, querendo ser o contraponto para uma doença que ele próprio criou. À cabeça é preciso dizer, de forma clara e corajosa, que o PS-A e Vasco Cordeiro não geriram bem a pandemia. Limitaram-se a impor o pânico e o fascismo sanitário, destruindo com isso a economia e fazendo ao mesmo tempo retroceder em décadas a mentalidade e a abertura da sociedade açoriana. Por outro lado, a resposta à catástrofe económica, sempre a reboque de Lisboa, de mão esperançosamente estendida à espera das bem-aventuranças de Bruxelas, demonstrou à saciedade como o único objectivo das medidas era eleitoral e não um verdadeiro auxílio a empresas e trabalhadores. Mas, se o argumento pandémico é mesmo o estandarte eleitoral que o PS-A quer utilizar analisemos então a prestação do partido e da sua governação neste âmbito. Nos Açores as principais causas de morte são as doenças cárdio-vasculares (45,7%) e os tumores (24,5%). A montante destas causas de morte estão duas explicações profundas nomeadamente a diabetes e a obesidade. Ora os Açores têm não só 70% da população com excesso de peso como apresentam a pior incidência de morte por diabetes de todas as regiões da Europa, 74 por cada 100 mil habitantes, uma verdadeira epidemia contra a qual em 24 anos de governação muito pouco ou quase nada tem sido feito, nem consta que a Autoridade de Saúde a isto tenha dado relevância! Bastava isto para se perceber que em matéria de pandemias o PS-A tem tudo menos um bom registo governativo… Custa-me dizer isto e custa-me dizê-lo com esta brutalidade mas este PS, com esta estratégia, não merece ganhar estas eleições e, o pior, é que os outros partidos também não. Para usar um slogan antigo – “merecíamos políticos melhores”…


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