quinta-feira, julho 1

Fora de Jogo

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Convenci-me que o Portugal-Espanha era uma espécie de prolongamento civilizado da batalha de Aljubarrota. Enfim, uma erupção de patriotismo, porventura subliminarmente motivada pela evocação dos feitos heróicos de D. João I. Mas o patriotismo já não é o que era e as quinas na camisola da selecção não são mais do que um logótipo. Que o diga o CR7 que a avaliar pelas imagens do início do jogo nem ao hino da Nação foi capaz de dar voz. Por sinal Ronaldo foi o único mudo num lote de Portugueses, uns nados e criados em solo pátrio, outros aportuguesados, mas todos em equipa a cantar em uníssono "a Portuguesa". Não sou um "doutor" da bola mas creio que o "professor" Queirós também não aprendeu bem a lição e o enfant terrible da selecção, Cristiano Ronaldo, já devia ter solicitado a cidadania da Coroa Espanhola a quem prestou bons serviços. Não é a questão da prestação ou da performance do "melhor jogador do mundo" que está em causa, mas sim a sua falta de entrega à camisola da selecção e a sua indignidade como capitão da equipa. Ilustra essa verdade o comportamento no final do jogo e as desculpas esfarrapadas que o manager do jogador escreveu por ele na respectiva página oficial. Na segunda parte do jogo, que terá parado a Península Ibérica, as poucas vezes que vi Cristiano Ronaldo foi precisamente "parado" à espera que alguém lhe passasse a bola! O que nos vale é o orgulho do exemplo de outros valores mais modestos que preferem correr atrás da bola ao invés de o fazerem a reboque de um frasco de Linic e dos demais patrocínios multimilionários. Exemplo desse compromisso com Portugal foi Fábio Coentrão cuja incondicional entrega à causa serve de exemplo aos Ronaldos e Ronaldinhos deste mundo. Coentrão, e também o "super" Eduardo, ficarão na grata memória dos Portugueses que, como eu, acreditaram ingenuamente que seríamos capazes de vencer a Espanha. A verdade é que nem no Futebol somos capazes de superar "nuestros hermanos". Nas quatro linhas Espanha reinou sobre Portugal e marcou um precioso golo com batota consentida com a validação de um golo em fora de jogo. A nossa selecção pelo seu lado espelhou o país real em que vivemos: uma Pátria de serviços mínimos pois foi com rendimento mínimo que o onze Português se apresentou no decisivo jogo do Mundial. Passamos "à rasca" uma fase de grupos acessível e tivemos a graça do jogo com o Brasil ter representado para a "selecção canarinha" um "jogo a feijões", apenas para rodagem e treino da equipa Brasileira. No resto foi o que não se viu: CR7 não explodiu nem deu golos como o "ketchup" na sua alarve e desconchavada expressão. O jogador "melhor do mundo" foi para muitos o pior da selecção. Agora que estão fora de jogo podem regressar tranquilamente à sua lucrativa actividade de venda de shampoos para a caspa, e amaciadores para a carapinha, bem como mchambúrgueres em happy meals para Portugueses infelizes. São melhores a vender a banha de cobra do que o sonho prometido aos Portugueses de que iriam mais longe.

João Nuno Almeida e Sousa nas crónicasdigitais do jornaldiário.com

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