terça-feira, janeiro 17

ÍCONES DO SEC.XX - # 5

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ALI - THE GREATEST

Nascido como Cassius Marcelus Clay (em honra de um abolicionista com o mesmo nome) foi na têmpera de uma personalidade forte, e de um estilo flamboyant de Boxer, resumida na célebre fórmula: «Float like a butterfly, sting like a bee», que se forjou Muhammad Ali.

Carismático como poucos, «The Greatest» para muitos, Ali foi nos anos 60 e 70 uma celebridade internacional e seguramente um dos maiores atletas do Sec. XX, vencendo o título de campeão do mundo de pesos pesados de boxe em 1964, 1974, and 1978.

Nado e criado em Louisville, no Estado de Kentucky, cedo sentiu na pele a injustiça de uma ordem social estruturada na diferença de pigmentação epidérmica dos cidadãos. Contudo, não teve a inteligência emocional para se esquivar do racismo militante da Nação do Islão. Logo, o seu activismo político ficou colado ao radicalismo dos Black Muslims que proclamavam a superioridade da raça negra com a consequente apologia de uma ética de separação racial. A sua amizade com Malcom X e a presença deste no primeiro combate que lhe concedeu o título de campeão do Mundo em 1964, no qual derrotou Sonny Liston, bafejaram-no com o suficiente entusiasmo para anunciar a sua fé e renegar o seu nome de «escravo». Aí nascia Muhammad Ali. Nesse combate, o Campeão em título, ao 7º Round atirou a toalha ao tapete e no ano seguinte não teve hipótese de desforra pois, logo no 1º Round, «beijou» o tapete por KO. Ali, tinha razão em 64 quando se auto proclamou «King of the World».

Depois de bater Liston, Muhammad Ali defendeu consecutivamente o título de Campeão até que o perdeu num 1º Round disputado contra a Justiça. Efectivamente, em 1967 Cassius Clay recusou ser incorporado no Exército, porventura, pelo facto de o Estado ter-se recusado a aceitar o seu nome, pelo que, chamado «às sortes» como Cassius Clay desobedeceu civilmente enquanto Muhammad Ali. Consequentemente, com o País em guerra, a Federação de Boxe retirou-lhe o título e a licença para combater e, na primeira instância Judicial, foi condenado a cinco anos de prisão efectiva. Durante 4 anos esteve privado de lutar até que em 1971 o Supremo Tribunal, com base no estatuto de objector de consciência e por «motivos religiosos» revogou a Sentença inicial. Ali era novamente um homem livre e um ícone contra a Guerra do Vietname. O Estado pela mão do Supremo Tribunal de Justiça tutelou a sua defesa na qual Ali afirmara com pompa mediática: «I ain't got no quarrel with the Vietcong.».

No regresso ao ringue perdeu para Joe Frazier mas, no ano seguinte, derrotou-o desafiando de seguida o titânico George Foreman num combate que teve lugar no Zaire e que ficou conhecido por «Rumble in the Jungle» !

Em 1978 derrotou Leon Spinks reconquistando o título de campeão e em 1979 retirou-se da competição. Na sua carreira contam-se um total de 61 combates dos quais venceu 56, sendo 37 deles por K.O. ! Foi tri-campeão do Mundo de Pesos Pesados.

Após a sua reforma da arena do Boxe revelou em 1984 sofrer de encefalopatia crónica por desgaste do cerebellum e do tecido cerebral em geral. Padecia do que no millieu do Boxe dá pelo nome de «dementia pugilistica», que cedo lhe privou de movimentos, e lhe tolheu a língua afiada e temperamental que durante anos fez correr hectolitros de tinta nos jornais.

Muhammad Ali é um ícone na galeria de celebridades do Sec. XX pois na sua pessoa congregou a excelência de um dos mais exigentes desportos do Mundo com a mediatização da sua carreira e a controvérsia das suas atitudes. Entre tantas e variadas consta que depois de ter sido impedido de comer num «whites-only» restaurant atirou ao Rio Ohio a Medalha de Ouro de Campeão Olímpico, ganha em 1960 nas Olimpíadas de Roma.Após a aparição surpresa na cerimónia de abertura das Olimpíadas de Atlanta 1996 foi-lhe oferecida uma réplica da renegada Medalha de Ouro de 1960. Recentemente em 2005 foi agraciado com a Medalha Presidencial da Liberdade.

O sangue do lutador corre agora nas veias da sua filha Laila Ali. Muhammad Ali, no passado, sem saber o que o futuro lhe reservava, tinha opinião pouco meritória do boxe feminino, pela simples razão de que entendia que as mulheres não tinham sido feitas para serem esmurradas no peito e no rosto.

Cassius Muhammad Ali nasceu a 17 de Janeiro de 1942. Longe vão os dias de campeão e ídolo de uma geração que com ele irmanava no grito: «I'm young, I'm pretty, I'm fast, and no one can beat me.»

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posted by João Nuno Almeida e Sousa

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