segunda-feira, setembro 14

R.I.P. AJS

Este não é um elogio fúnebre. Este será, antes de qualquer outra coisa, um desabafo que não almejava fazer, mas algo ao qual estou condenado, talvez pelo respeito aos meus princípios edificadores.

No fundo, em mim, há uma descomunal necessidade de partilhar, com tantos quantos lerem esta apologia e não o tenham conhecido, a imagem de um homem (um vulto para mim) que assenta na absoluta naturalidade com que relativizava todas as situações e encaixava todos os desabafos. Um homem que marcou uma inteira geração de profissionais do turismo nos Açores também com a sua imensa capacidade de perdoar, mesmo a todos aqueles que se possam sentir agora magoados com a sua súbita partida.

Em tempos não muito distantes, ouvia um amigo dizer, com muita graça e algum respeito, que tinha sido colega de Fernando Pessoa na McCann. Pois, para mim, ter sido colega de António José Silva não foi menos importante. E, na mesma época, poder partilhar com ele as suas conquistas e ser brindado com o seu sorriso triunfante, foi sempre um acontecimento de rara beleza pelo qual lhe estou desmedidamente grato.


Hoje, o tempo pode não ser de infinita majestade e paz, mas eu continuo a sentir-me, como diz o poeta persa Ferdowsi Tusi no “Livro dos Reis ”, como pó na garra do leão.


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