quarta-feira, outubro 31
Fora da caixa
«(...) os desafios do próximo Governo dos Açores, que será conhecido esta 4ª feira, são mais que muitos e vão exigir dose extra de criatividade, inovação e de muita acção 'fora da caixa'.»Para ler na íntegra no AOnline.
terça-feira, outubro 30
É tempo de um novo tempo. Com mais ou menos tempo.
Apesar de, em muitas ocasiões, não abordarmos os assuntos a partir do mesmo ponto de vista, não posso ignorar que partilhamos uma certa postura de rectidão, face aos vários acontecimentos que influenciaram o passado recente de todos os açorianos, dentro e fora da "casca do fruto" que se espera com suficiente vitamina C, para aguentar os tempos dificieis que terá que enfrentar, com quem quer que seja o senhor que se segue.
Por isso, e por mais algumas outras coisas, deixo um excerto do, quanto a mim, excelente artigo de opinião de JNAS, no AO de hoje.
"Este PSD Açores tem ainda que se submeter a uma transfusão de sangue novo, sendo inaceitável que, ao longo de 16 anos de oposição, triture líder atrás de líder, sem que nada mude nos bastidores da “câmara dos lordes”, onde tudo se decide entre corredores a caminho da “câmara comuns” apenas para ratificação do já processado. Mudam os líderes, mas nunca a segunda linha que, por previdência a qualquer cenário, sempre soube cuidar de se alapar ao poder e às suas sinecuras. O PSD Açores tem de quebrar a barreira das suas forças de bloqueio e permitir a participação efetiva de uma nova geração que não sirva apenas para figurante dos figurões do partido. O PSD Açores tem de descer até à juventude, porque a juventude Açoriana não se revê neste partido tal como ele está, e muito menos respeita uma JSD Açores que vê apenas como uma via profissionalizante para o carreirismo"
Corajoso, lúcido e apaixonado e, sem que isso importe ou motive, tem a minha concordância.
Por isso, e por mais algumas outras coisas, deixo um excerto do, quanto a mim, excelente artigo de opinião de JNAS, no AO de hoje.
"Este PSD Açores tem ainda que se submeter a uma transfusão de sangue novo, sendo inaceitável que, ao longo de 16 anos de oposição, triture líder atrás de líder, sem que nada mude nos bastidores da “câmara dos lordes”, onde tudo se decide entre corredores a caminho da “câmara comuns” apenas para ratificação do já processado. Mudam os líderes, mas nunca a segunda linha que, por previdência a qualquer cenário, sempre soube cuidar de se alapar ao poder e às suas sinecuras. O PSD Açores tem de quebrar a barreira das suas forças de bloqueio e permitir a participação efetiva de uma nova geração que não sirva apenas para figurante dos figurões do partido. O PSD Açores tem de descer até à juventude, porque a juventude Açoriana não se revê neste partido tal como ele está, e muito menos respeita uma JSD Açores que vê apenas como uma via profissionalizante para o carreirismo"
Corajoso, lúcido e apaixonado e, sem que isso importe ou motive, tem a minha concordância.
segunda-feira, outubro 29
Apeteceu-me Cesariny
sábado, outubro 27
James is back!
Noutra altura, o filme ter-se-ia chamado "Skywalk" ou, até mesmo, "Fly High". Contudo, por estes dias em que tudo cai - como os "ratings" dos países -, nem o bom James escapa.
Mas, não decepcionará. Com toda a certeza!
Mas, não decepcionará. Com toda a certeza!
São coisas do governo que, aliás, não tarda.
Num outro dia, parado no sinal vermelho do semáforo (este bastião das sociedades ditas desenvolvidas), atrás de um motociclo que julgava fora de circulação por esta altura, dei por mim a pensar: que governo se pode esperar deste jovem frenesim que norteou toda a campanha dos vencedores destas legislativas?
Logo de seguida, e ainda sem resposta para a primeira interrogação, atrevido, lancei-me outra pergunta: o que se pode esperar deste novo governo?
Ao olhar para o meu concidadão - inquieto no assento da sua Zundapp KS 50, de 1968, azul, clarinha, com a barba grande, por fazer, e com o capacete, qual gorro, mal colocado na cabeça – fui acometido por uma súbita e enervante vontade de rir. Um rir nervoso, quase assutado, pela perigosa combinação: ele e eu, podendo até valorizar as mesmas coisas, não queremos, com toda a certeza, a mesma manifestação do governo por chegar.
Desventuradamente, estaremos todos lixados: ele, eu e o governo, pois, qualquer que venha a ser este último (novo em folha ou em segunda mão), terá sempre a falta da transversalidade necessária para nos governar aos dois, de forma igualmente eficaz. Não sei se as pessoas se importam com estas coisas ou se as consideram meras banalidades mas, a verdade é que elas deviam preocupar os governantes, quais “gajos porreiros” por altura do sufrágio que, depois, sabem a muito pouco ou quase nada, escondidos do eleitorado, a governar as suas vidinhas.
Não sei que contas farão os ilustres governantes mas, confunde-me o aparecimento de um número crescente de cidadãos a defenderem os estranhos benefícios do regresso à monarquia que, apesar de um ou outro momento de consideração para com os reinados, pouco mais fez das pessoas que, durante toda a sua história, quase serviram como carne para canhão apenas.
Tenho sido, muitas vezes, acusado de não ser absolutamente claro no discurso, alegando os principais detractores do estilo, preferindo uma maior incisão, que as pessoas precisam saber das coisas como elas são. Por outro lado, outros como eu, sabem que o mais importante – a médio e a longo prazo – não é fornecer o pescado mas, sim, fornecer a arte e o engenho para apanharem o pescado. Dito isto, com o fácil recurso a um chavão que muitos usam para se escudarem, num qualquer confronto que os obriga a medir os níveis de eficácia dos seus actos, gostaria ainda de relembrar que a “candeia que vai à frente” de facto “alumia duas vezes” mas, pode, também, ofuscar os mais incautos. Se é certo que a sua luz pode tirar as trevas do nosso caminho, é prudente não ignorar que o nosso corpo introduz a sombra, e a caminhada a sua variação.
Com a tristeza típica de quem preferia ter mais se contém a alegria de quem tem muito mais do que os seus antecessores e se pede que coloquemos os olhos num futuro – cada vez mais incerto –, para ambicionar um melhor patamar para os nossos filhos. É coisa para dizer: engana-me que eu gosto.
Tudo isto a propósito desta bonita máquina, à minha frente, também ela à espera que o sinal fique verde.
quinta-feira, outubro 25
Grande Prémio APE para Ana Teresa Pereira
Foi ontem muito justamente atribuído
o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores a
Ana Teresa Pereira, com o seu romance O
Lago.
Os
outros finalistas do prémio eram As Luzes de Leonor de Maria Teresa Horta, Tiago Veiga de Mário Cláudio, O Complexo de Sagitário de Nuno Júdice, e a Cidade de Ulisses de Teolinda Gersão.
Nascida no Funchal, em 1958, Ana
Teresa Pereira publica desde 1989, num ritmo e com uma qualidade
impressionantes. É uma escritora maior da nossa língua. É, na prosa, a minha escritora em
língua portuguesa. E é – digo-o com uma alegria sem par – minha amiga.
Dela e da sua literatura disse um
dia Eduardo Prado Coelho: «esta literatura de anjos, ícones e fantasmas,
procura dar realidade às coisas para conseguir que elas se separem do mundo. Mas
à medida que escreve para se separar do mundo Ana Teresa Pereira reconstitui o mundo
de que se quis separar. É por isso que nascer e morrer se confundem».
quarta-feira, outubro 24
(Des)Governo do carreirismo político
Aparentemente, o "arco governativo" mais parece um arco S. Joanino, a quem todos querem deitar a mão.
«Este governo, na verdade, acabou em setembro, quando ficou exposta a sua pelo empobrecimento competitivo. Falhada a via da TSU para baixar os salários, o governo optou pelo assalto fiscal para pagar o défice. Entre uma coisa e outra, “tudo se desmancha e o centro não aguenta”, como diz um poema — não aguenta o centro ideológico do governo, nem o seu centro político, nem o Centro Democrático e Social.
O governo acabou, pois, e a única questão é como removê-lo.
E aí Portugal regressa ao seu grande problema. Não o problema económico, nem o problema financeiro. O nosso grande problema é o problema político. É na política que está a nossa grande falta de alternativas.»
Será coisa para afirmar que estamos a caminhar a passos largos para um governo dito de "Salvação Nacional"?
Há quem pense que sim e, ao mesmo tempo, alimente uma visão romântica do regresso do 25 de Abril.
Se é verdade que muitas das coisas que aconteceram em 74 se podem vir a repetir, muitas outras rebentarão com uma violência jamais vista em Portugal.
As assimetrias, que indelicadamente se amontoam e facilmente se percebem por este país fora, não nos deixam ignorar o facto de haver já algumas trincheiras cavadas e, não tarda, gente nelas montadas. As lojas das maiores cidades, um pouco por todo o país, hão de ser saqueadas. Vai haver tiroteio. Os gangs vão ajudar e as forças de intervenção não se farão rogadas. Veremos quantos mais beijos aos polícias serão precisos para debelar esta triste eventualidade.
Cuidado(!)
Vítima de embolia pulmonar, António Spínola faleceu aos 86 anos de idade, estando, por isso, privado de impedir - de novo - que o poder caia na rua.
O problema é que, com toda a certeza, haverá muitos outros que não se hão de importar de prestar este serviço à Nação.
«Este governo, na verdade, acabou em setembro, quando ficou exposta a sua pelo empobrecimento competitivo. Falhada a via da TSU para baixar os salários, o governo optou pelo assalto fiscal para pagar o défice. Entre uma coisa e outra, “tudo se desmancha e o centro não aguenta”, como diz um poema — não aguenta o centro ideológico do governo, nem o seu centro político, nem o Centro Democrático e Social.
O governo acabou, pois, e a única questão é como removê-lo.
E aí Portugal regressa ao seu grande problema. Não o problema económico, nem o problema financeiro. O nosso grande problema é o problema político. É na política que está a nossa grande falta de alternativas.»
Será coisa para afirmar que estamos a caminhar a passos largos para um governo dito de "Salvação Nacional"?
Há quem pense que sim e, ao mesmo tempo, alimente uma visão romântica do regresso do 25 de Abril.
Se é verdade que muitas das coisas que aconteceram em 74 se podem vir a repetir, muitas outras rebentarão com uma violência jamais vista em Portugal.
As assimetrias, que indelicadamente se amontoam e facilmente se percebem por este país fora, não nos deixam ignorar o facto de haver já algumas trincheiras cavadas e, não tarda, gente nelas montadas. As lojas das maiores cidades, um pouco por todo o país, hão de ser saqueadas. Vai haver tiroteio. Os gangs vão ajudar e as forças de intervenção não se farão rogadas. Veremos quantos mais beijos aos polícias serão precisos para debelar esta triste eventualidade.
Cuidado(!)
Vítima de embolia pulmonar, António Spínola faleceu aos 86 anos de idade, estando, por isso, privado de impedir - de novo - que o poder caia na rua.
O problema é que, com toda a certeza, haverá muitos outros que não se hão de importar de prestar este serviço à Nação.
terça-feira, outubro 23
Murdock do Mussulo
Vende-não-vende, há acordo mas ainda não. Entre informação, desinformação e contrainformação, vai a informação nacional sendo comprada a atacado por Angola – que tem um rol de coisas boas e outro rol de coisas menos que boas – não consta que a liberdade de imprensa conste (ainda) no primeiro rol.
Na semana passada ficámos a saber (?) que a Controlinveste “assinou há vários meses” um acordo com um grupo angolano, estando por concretizar a mudança de propriedade. Era assim que, na passada quinta-feira, a TSF corria atrás do prejuízo de ver assuntos da sua própria casa serem conhecidos antes por outros, pois que o gato saiu do saco via Diário Económico, propriedade da Ongoing Media.
A notícia na antena e no site da TSF teve vida curta. Foi rapidamente retirada e desde então, silêncio na linha. O grupo parece ter ordenado aos seus títulos a tática “tartaruga” das hostes romanas: cerrem os escudos e nada sai, nada entra. De resto, a prática comum quando há vendas de grupos de comunicação.
Tão depressa quanto irrompeu o caso, também tão depressa parece ter saído do radar, embora o Expresso, já na sexta-feira, tenha dado a coisa por consumada, titulando “Controlinveste assume acordo com angolanos” e trazendo a lume um dado no mínimo perturbador, no máximo escabroso: uma “contratação recente da Newshold foi a de Filipe Passadouro - antigo colega do ministro dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, na Finertec, que assumiu em julho o cargo de administrador financeiro”. A este propósito e sobre as minhas considerações, vide título.
Certo, é que Angola está a tornar-se um peso-pesado na Comunicação Social portuguesa. A confirmar-se a notícia da venda dos títulos da Controlinveste à Newshold, este negócio vem somar-se à aquisição do semanário "Sol", de uma participação de 15,08% na Cofina, dona do "Correio da Manhã", e a exploração indireta do diário "i”. Igualmente, a Newshold é uma potencial candidata à privatização da RTP.
O porquê do interesse angolano nos media portugueses deve fazer refletir. A Comunicação Social portuguesa, comercialmente, não é particularmente atrativa perante outros potenciais setores para investimento angolano. Resta que Angola esteja a comprar a Comunicação Social portuguesa pelo seu cariz estratégico, o que se afigura bem mais verosímil. E se assim for, a sucessão de José Eduardo dos Santos poderá ter um dos principais campos de batalha nas páginas dos jornais portugueses.
A semana passada foi negra para a Comunicação Social. O caso Controlinveste não esteve só, já que na mesma sexta-feira a Lusa e o Público saíram à rua e calaram telexes e rotativas. O jornal vai despedir 48 trabalhadores até ao final do mês; a agência noticiosa (que, por sinal, é detida em 23% pela Controlinveste) tenta inverter o corte de 30% no seu contrato programa com o Governo, previsto no Orçamento de Estado para 2013.
No turbilhão de incertezas em que caiu Portugal nos últimos meses, junta-se portanto agora a incerteza nesta condição essencial para a democracia: a imprensa livre.
O caso Controlinveste pode vir a ter reflexos muito concretos bem perto de nós. O grupo de Joaquim Oliveira detém títulos históricos da imprensa portuguesa – entre os quais, a 90%, o “nosso” Açoriano Oriental. O açor impresso a negro no cabeçalho do AO nunca foi intencionado como presságio, mas nos dias que correm, até parece. O que estará no futuro do jornal com maior tiragem da Região?
segunda-feira, outubro 22
"Dura lex, sed lex"… também é assim para o MP
As investigações ao caso Monte Branco levaram o Ministério Público a proceder a escutas ao presidente do BESI, José Maria Ricciardi, e acabaram por o apanhar numa conversa com Pedro Passos Coelho.
Qualquer escuta que seja feita ao Primeiro-Ministro tem de ser validada pelo Supremo Tribunal de Justiça. O Procurador-Geral manda a escuta para o Supremo. Ainda não se percebeu a relevância que aquela conversa especificamente tem para o processo, mas tudo bem… digamos que o Procurador fez o que tinha a fazer.
O problema é que tudo isto acaba em mais uma vergonhosa violação do segredo de justiça e a mais um julgamento inadmissível fora dos tribunais. A suspeita está instalada novamente e o julgamento na praça pública em curso. As notícias são parcelares e a conta-gotas e coze-se em lume brando mesmo quem aparentemente nada tem que ver com a questão.
Nunca seria bom defensor de Passos Coelho, mas a defesa do Estado de Direito obriga quem tenha bom senso a exigir que este tipo de coisa acabe de uma vez por todas. Pena é que o Primeiro-Ministro não faça esta defesa do Estado de Direito e prefira apenas defender-se a sí próprio. Foi o que fez ao pedir a divulgação das escutas, não se importando com a correlativa violação de direitos dos eventuais arguidos escutados em conversa com ele (e eu estou longe de morrer de amores por aquele tipo de magnatas…), patrocinando assim também ele a descredibilização do processo e da justiça em geral. Acho (humanamente) compreensível que Passos Coelho o faça, mas não posso aceitar (institucionalmente) que o Primeiro Ministro não cumpra o seu papel.
Paula Teixeira da Cruz anunciou o “fim da impunidade dos poderes instalados”. E a impunidade da Justiça? Esta é que lhe incumbe em primeira linha, porque é pressuposto da sua autoridade! Uma Justiça que não consegue evitar que os seus operadores violem o segredo de justiça, a lei e a Constituição, que nunca apanha os responsáveis e que nunca consegue minorar os danos comunicacionais que se vão paulatinamente produzindo, não é uma Justiça na qual se possa confiar.
Do lado dos visados, mesmo que tudo se venha esclarecer processualmente, ficam entretanto sujeitos às fontes anónimas da justiça, sem qualquer protecção, nem direitos e à mercê das eventuais selecções informativas da comunicação social. Do lado da acusação, descredibiliza-se mais um importante processo de corrupção e lavagem de dinheiros e com ele – mais uma vez – o próprio sistema de Justiça.
Isto não pode ser. Isto não pode continuar.
Joana Marques Vidal – a nova Procuradora Geral da República - tem ai a sua prova de fogo: Comporta-se como os seus antecessores ou faz diferente? E a fazer diferente, como é que faz? Deixa continuar a impunidade no Ministério Público ou protege os cidadãos de uma Justiça impune? Credibiliza o sistema ou deixa que olhemos para ele como uma brincadeira de rapazes?
sábado, outubro 20
Uma alternante visão estrábica
Por considerar mais importante concentrarmo-nos nas questões de princípio e nas ideologias que as suportam - bem ou mal, pouco importa, desde que se atenda sempre à necessária relativização -, nada (ou quase nada) do que escrevo se refere a esta ou aquela pessoa, apesar de, muitas vezes, considerar que determinadas pessoas enviesam tudo (ou quase tudo) o que merece a nossa atenção e vale ser discutido.
Ser republicano (se percebo bem o que é sê-lo e viver segundo o seu código genético), é reconhecer neste modelo político que vigora em Portugal a capacidade que todos os elementos desta Nação têm de conduzir os seus destinos e, ao mesmo tempo, é reconhecer a possibilidade que é dada aos seus cidadãos de poderem procurar pôr em prática os seus projectos, em prol de uma Nação melhor e de um Estado mais equilibrado.
Não pretendo ser o autor de mais uma análise sobre o resultado das últimas eleições legislativas regionais nem, tão-pouco, quero pedir a cabeça de alguém, qual bode expiatório. Quero, tão-somente, partilhar esta visão – porventura estrábica –, com quem tiver a paciência de ler este desabafo, de que a falta de alternância no exercício da governação é um problema muito maior para as pessoas (nas quais se constitui a Nação) do que para o sistema político em vigor que, com todas as vicissitudes daqueles que gravitam em seu redor e sabem - melhor do que ninguém - tirar partido dele, perde todo e qualquer vigor, deixando de cumprir as suas funções mais elementares.
Indubitavelmente, são as pessoas mais dinâmicas e mais criativas, com sentido crítico mais apurado e com a visão da multiplicidade de caminhos possíveis que, fora da esfera dos protegidos pelo sistema, mais sofrem com o status quo instalado, que todas as fracas e ambíguas figuras desejam ver perpetuado nos meandros políticos.
Indiscutivelmente, são muitos ainda os que, com pensamento estruturado, sofrem ao procurar contrariar as precedências no dito sistema, não conseguindo anular o facilitismo popularucho da máquina esquizofrénica do poder que se alimenta do egocentrismo do individuo que se borrifa para a coisa pública.
Hipoteticamente, a hegemonia político-partidária pode ser um enorme problema para as sociedades, na medida em que as vai amputando dos membros que as podem fazer locomover-se em direcção aos patamares onde as vantagens não servem só para serem distribuídas por aqueles mais próximos do eixo.
Hipoteticamente (mas só hipoteticamente), quanto mais hegemonia, menos novos projectos. Quanto mais hegemonia, menos riqueza social (cinjamo-nos ao valor intrínseco do Ser Humano). Quanto mais hegemonia, muito menos criatividade e muito menos horizontes a serem vislumbrados. Mas, e no entanto, quanto mais hegemonia, mais estabilidade económica (apelidada de absolutamente necessária para o nosso desenvolvimento económico).
É preciso não ignorar que as massas - de toda e qualquer sociedade - precisam do seu tempo para respirar. Tempo que não é indiferente aos ciclos políticos.
Há desafios grandes na nossa região?
Haja também igual vontade e determinação!
quinta-feira, outubro 18
Emanuel Félix
A poucos dias do seu aniversário de
nascimento (24/10/1936), e porque a generosidade que depositava no papel e no
seu estar aqui deve constituir sempre uma bússola para este nosso trilho
sinuoso, deixo-vos um dos seus poemas que mais amo.
PEDRA-POEMA PARA HENRY MOORE
Um homem pode amar uma pedra
uma pedra amada por um homem não é uma pedra
mas uma pedra amada por um homem
uma pedra amada por um homem não é uma pedra
mas uma pedra amada por um homem
O
amor não pode modificar uma pedra
uma pedra é um objecto duro e inanimado
uma pedra é uma pedra e pronto
uma pedra é um objecto duro e inanimado
uma pedra é uma pedra e pronto
Um
homem pode amar o espaço sagrado que vai de um homem a uma pedra
uma pedra onde comece qualquer coisa ou acabe
onde pouse a cabeça por uma noite
ou sobre a qual edifique uma escada para o alto
uma pedra onde comece qualquer coisa ou acabe
onde pouse a cabeça por uma noite
ou sobre a qual edifique uma escada para o alto
Uma
pedra é uma pedra
(não pode o amor modificá-la nem o ódio)
(não pode o amor modificá-la nem o ódio)
Mas
se a um homem lhe der para amar uma pedra
não seja uma pedra e mais nada
mas uma pedra amada por um homem
não seja uma pedra e mais nada
mas uma pedra amada por um homem
Ame
o homem a pedra
e pronto
e pronto
quarta-feira, outubro 17
Pequod ao largo dos Açores via Google
161º Aniversário de Moby Dick.
"Não poucos destes caçadores de baleias são originários dos Açores, onde as naus de Nantucket que se dirigem a mares distantes atracam, frequentemente para aumentar a tripulação com os corajosos camponeses destas costas rochosas. Não se sabe bem porquê, mas a verdade é que os ilhéus são os melhores caçadores de baleias".
Herman Melville, Moby Dick, cap. XXVII
terça-feira, outubro 16
Olhando para os resultados…
(em texto e em glosa)
Três Vencedores: Vasco Cordeiro, Carlos César e (o chato) do Paulo Estevão.
Vasco Cordeiro, porque ganha Berta Cabral com uma extraordinária maioria absoluta; Carlos César, porque consegue uma sucessão tranquila e vencedora; Paulo Estevão, porque consegue persuadir Berta Cabral a não concorrer ao Corvo (facto que envergonha toda a genética autonomista do próprio PSD-A) incrementando o seu score eleitoral em apenas 10 votos (valeria o PSD-A apenas 10 votos no Corvo?).
Dois vencidos: Berta Cabral e Artur Lima.
Berta Cabral porque, para além do que se passa a nível nacional, cometeu muitos erros enquanto líder do seu partido (destaca-se, em primeiro lugar, a noite das autárquicas e o desprezo pelos vencidos, no afã de tornar aquela noite uma vitória sua – coisa fatal num partido com fortes estruturas locais como o PSD-A; e, em segundo lugar, não se candidata a todas as ilhas o que criou um verdadeiro problema freudiano aos autonomistas históricos do PSD-A) e muitos, muitos erros enquanto candidata (não fez listas brilhantes; pela primeira vez na história do PSD-A não apresenta candidatos a todas as ilhas; prometeu muito ao mesmo tempo que dizia mal das finanças públicas, levando o Zé Povinho a perguntar: se diz que não há dinheiro como é que diz que vai fazer?; reduziu o conceito da “Região Económica” – que era bom! – à questão das passagens aéreas; apresentou nos úlimos dias medidas desesperadas, como aquela dos 15000 empregos; não soube demarcar-se de Passos Coelho - fê-lo tão explicitamente que, dependendo dos ouvidos, ou soava a falso ou soava a traição; fez uma campanha cheia de contradições; esteve muito mal assessorada sob todos os pontos de vista inclusive o de marketing eleitoral)
Artur Lima, porque levou uma legislatura a centrar-se na ilha Terceira e a desprezar ostensivamente o representante do seu partido pela ilha de São Miguel (e é fundamentalmente por isso que o PP não consegue eleger em S. Miguel, fazendo com que o Bloco de Esquerda passe a terceira força política nesta ilha); porque demonstrou demasiada arrogância na forma como se quis apresentar como parte da decisão (dava como garantido estar no Governo - fosse com um, fosse com outro - falando mesmo de “poder de veto” e outros quejandos) e, por fim, porque também não é imune às questões nacionais (mesmo que menos, muito menos, que o PSD-A).
Zuraida não é vencedora, mas também não é bem vencida. Ganha o terceiro lugar em S. Miguel em termos eleitorais, perde um deputado na Terceira (as suas posições radicais relativamente à Base das Lages – independentemente de ter ou não ter razão – pagam-se caro naquele círculo eleitoral), tem de dividir alguns votos com projectos efémeros como o PAN e, talvez, tenha sido a candidata mais prejudicada pela inexistência de debate televisivo (Zuraida tem sempre um desempenho brilhante neste tipo de debates).
Aníbal, pois bem, é o líder do partido com o voto mais militante de todos. Consegue ser eleito (abençoado Circulo de Compensação!). Não ganha nem perde.
domingo, outubro 14
sábado, outubro 13
sexta-feira, outubro 12
Nem estou em mim!
Tal como marcado há um ano atrás, o Terra Nostra entrou em obras dia 10 deste mês.
Fica a foto da última coisa a sair do hotel.
Fica a foto da última coisa a sair do hotel.
O que é regional é bom
Depois de tudo dito e feito, interessam os resultados.
Porque hoje é sexta-feira pré-eleições, fica a recomendação de download da aplicação móvel para as Eleições Legislativas Regionais 2012 que permite acompanhar os resultados ao minuto e de qualquer parte.
A aplicação produzida pela Cybermap para a Direção Regional de Organização e Administração Pública utiliza georeferenciação, apresenta mapas com boa textura e permite também consultar informação histórica.
Prognósticos? No dia 14 vai virar killer-app em 9 ilhas.
Disponível no Google Play e no iTunes.
quinta-feira, outubro 11
Onde quer chegar... a Paris?
Esta notícia faz-me recordar alguém, nos seus piores momentos, que eles próprios fazem questão de lembrar permanentemente. Pena é que não tenham aprendido nada com os maus momentos deste alguém. Eu cá sempre tive vergonha dos maus momentos deste alguém... E fico estupefacto quando vejo criticarem, criticarem e criticarem o "emigrado" para logo a seguir adoptarem exactamente a mesma metodologia que tanto criticaram. Não percebo onde a Dra. Berta quer chegar... A Paris?! Que não aprendiam com os erros do passado do próprio PSD-A, já sabíamos. Ficamos agora a saber que não aprendem sequer com os erros dos que tanto criticaram. Pelo contrário: fazem do erro o seu caminho. Só espero que o povo nos livre deste caminho.
O que aconteceu ao agente de segurança do Primeiro-Ministro?!
Ainda gostava de saber o que aconteceu ao elemento da segurança do PrimeiroMinistro que abordou o aluno do ISCSP e agrediu um operador de câmara da TVI para o impedir de filmar o sucedido. É que, por acaso (só por acaso), a Autonomia Universitária prevê que dentro do campus universitário, nestas situações, a polícia (e não sei se aquele senhor era polícia ou apenas segurança) só possa actuar mediante prévia autorização do Reitor. É que, no espaço universitário, existem especiais garantias das liberdades fundamentais que não existem no espaço público corrente. Esta é uma delas. Até no Estado Novo era assim!
Por outro lado, também por acaso (só por acaso), um jornalista não pode ser impedido de exercer o seu trabalho por um agente de segurança só porque não gosta de ser filmado. Há uma coisa chamada liberdade de informação, que é justamente uma especial garantia dos jornalistas, pois, numa sociedade democrática, esta é tida como um valor fundamental e verdadeiramente estruturante. É assim, por acaso (só por acaso), num Estado de Direito.
A violação de uma e outra liberdade fundamental (protegidas constitucionalmente como direitos análogos aos direitos, liberdades e garantias) são criminalmente punidas. O que aconteceu ao agente de segurança do Primeiro-Ministro?! O aluno, já se sabe, foi disciplinarmente punido com uma admoestação (ao contrário do que já li por ai, a admoestação é uma pena disciplinar).
De resto, deixo-vos com o Ricardo Araújo Pereira que diz com humor o que eu só sei dizer com indignação.
Por outro lado, também por acaso (só por acaso), um jornalista não pode ser impedido de exercer o seu trabalho por um agente de segurança só porque não gosta de ser filmado. Há uma coisa chamada liberdade de informação, que é justamente uma especial garantia dos jornalistas, pois, numa sociedade democrática, esta é tida como um valor fundamental e verdadeiramente estruturante. É assim, por acaso (só por acaso), num Estado de Direito.
A violação de uma e outra liberdade fundamental (protegidas constitucionalmente como direitos análogos aos direitos, liberdades e garantias) são criminalmente punidas. O que aconteceu ao agente de segurança do Primeiro-Ministro?! O aluno, já se sabe, foi disciplinarmente punido com uma admoestação (ao contrário do que já li por ai, a admoestação é uma pena disciplinar).
De resto, deixo-vos com o Ricardo Araújo Pereira que diz com humor o que eu só sei dizer com indignação.
quarta-feira, outubro 10
terça-feira, outubro 9
Desconhecidas entre si
Os caracteres combinados para escrever esta crónica são 1700. A distância que separa os Açores do Continente é que varia de sítio para sítio. Já encontrei 1300 km, 1500 km e 1800 km. Parabéns a quem deu nome a esta rubrica: os Açores, em 2012, continuam a ser As Ilhas Desconhecidas, de Raul Brandão, livro de 1924. Mesmo para os especialistas. Com tão pouco espaço, qual Pauleta na pequena área, vou rematar do ângulo que tenho mais ao pé. O do postal. Primeiro havia o postal. Depois os Açores no postal. Depois os Açores como postal. É urgente, penso, passar essa zona de rebentação, para usar uma metáfora de quem vive rodeado de mar e de ignorância (muitas vezes compreensível) por todos os lados. Todo o açoriano ama imoderadamente a paisagem onde vive. Mas teria razões para sentir ciúmes dela. No confronto com uma Natureza tão perfeita, qualquer habitante, mesmo o mais bonito, fica a perder. Talvez esteja aí a razão para a circunstância de os açorianos, os que residem no arquipélago, serem demasiadas vezes esquecidos. A maior parte das vezes nem no postal figuram. Muito menos os seus problemas. É fácil glorificar o Antero da literatura, difícil é conhecer o Antero que tira finos numa tasca das Capelas. Querem mais exemplos concretos, para não estar aqui só com hortênsias verbais? A RTP Açores. Há quem queira à distância desmantelá-la, sem saber que foi através dela que o micaelense pôde conhecer o rosto e a maneira de respirar e sorrir do corvino e vice-versa. E a açoriana RDP, integrada na primeira: consegue cruzar os sotaques que muito boa e cultivada gente julga resumirem-se a um. Que as ilhas sejam um mistério para fora é um problema antigo a ir resolvendo. Mas há outro. Não se transforme o arquipélago em ilhas desconhecidas entre si.
* Nuno Costa Santos (crónica publicada ontem no DN)
** O bold é meu
* Nuno Costa Santos (crónica publicada ontem no DN)
** O bold é meu
segunda-feira, outubro 8
sábado, outubro 6
Agora que não há dinheiro...
é tempo de "reequacionar" a nossa postura empresarial.
Para os que valorizarem a "Estratégia" e a ela quiserem vincular a sua "Empresa", recomendo o livro "Michael Porter - O Essencial Sobre Estratégia, Concorrência e Competitividade" de Joan Magretta.
Para os que valorizarem a "Estratégia" e a ela quiserem vincular a sua "Empresa", recomendo o livro "Michael Porter - O Essencial Sobre Estratégia, Concorrência e Competitividade" de Joan Magretta.
sexta-feira, outubro 5
Beco 5 de Outubro
Oh 5 de Outubro...
Como data, eras sobretudo querido pelo teu feriado. Isso de comemorarmos a implantação da República ocorrida no teu dia em 1910, passava-nos largamente ao lado. Como povo, não te ligávamos muito. Agora, até o feriado te tiraram. Mas sejamos honestos. A realidade é que inauguraste uma sucessão de Repúblicas em que a 1ª foi uma tragédia, a 2ª foi uma ditadura e a 3ª desenrola agora o seu desastre.
Adeus 5 de Outubro, versão feriado. Quando voltares, vem maduro, por favor.
quinta-feira, outubro 4
Dia Mundial do Animal
Hoje, por razões várias, é um dia muito importante.
Uma delas - irrefutável, incontornável, inadiável - é o facto de se assinalar o Dia Mundial do Animal.
Para ver (e/ou rever) atentamente, sentir fundo, assinar firme e passar a palavra. Sem hesitar.
Uma delas - irrefutável, incontornável, inadiável - é o facto de se assinalar o Dia Mundial do Animal.
Para ver (e/ou rever) atentamente, sentir fundo, assinar firme e passar a palavra. Sem hesitar.
GS e afins... da China, com amor.
"1. A sociedade europeia está em vias de se auto-destruir. O seu modelo social é muito exigente em meios financeiros. Mas , ao mesmo tempo, os europeus não querem trabalhar. Só três coisas lhes interessam: lazer/entretenimento, ecologia e futebol na TV! Vivem, portanto, bem acima dos seus meios, porque é preciso pagar estes sonhos ...
2. Os seus industriais deslocalizam-se porque não estão disponíveis para suportar o custo de trabalho na Europa, os seus impostos e taxas para financiar a sua assistência generalizada.
3. Portanto endividam-se, vivem a crédito. Mas os seus filhos não poderão pagar 'a conta'.
4. Os europeus destruíram, assim, a sua qualidade de vida empobrecendo. Votam orçamentos sempre deficitários. Estão asfixiados pela dívida e não poderão honrá-la.
5. Mas, para além de se endividar, têm outro vício: os seus governos 'sangram' os contribuintes. A Europa detém o recorde mundial da pressão fiscal. É um verdadeiro 'inferno fiscal' para aqueles que criam riqueza.
6. Não compreenderam que não se produz riqueza dividindo e partilhando, mas sim trabalhando. Porque quanto mais se reparte esta riqueza limitada menos há para cada um. Aqueles que produzem e criam empregos são punidos por impostos e taxas e aqueles que não trabalham são encorajados por ajudas. É uma inversão de valores.
7. Portanto o seu sistema é perverso e vai implodir por esgotamento e sufocação. A deslocalização da sua capacidade produtiva provoca o abaixamento do seu nível de vida e o aumento do... da China!
8. Dentro de uma ou duas gerações, 'nós' (chineses) iremos ultrapassá-los. Eles tornar-se-ão os nossos pobres. Dar-lhes-emos sacos de arroz...
9. Existe um outro cancro na Europa: existem funcionários a mais, um emprego em cada cinco. Estes funcionários são sedentos de dinheiro público, são de uma grande ineficácia, querem trabalhar o menos possível e apesar das inúmeras vantagens e direitos sociais, estão muitas vezes em greve. Mas os decisores acham que vale mais um funcionário ineficaz do que um desempregado...
10. (Os europeus) vão diretos a um muro e a alta velocidade..."
Kuing Yamang (Chinês e Professor de Economia na China mas, viveu em França. Só não sei com quem nem por quanto tempo)
quarta-feira, outubro 3
Contributo para a guerra contra a GS
Com um abraço para o José Couto (pelo seu último post) e um abraço para o Zeke (que nos mostra sempre os outros caminhos).
Porque a desonestidade intelectual, aqui, não tem lugar.
Porque a desonestidade intelectual, aqui, não tem lugar.
segunda-feira, outubro 1
Borges, este bom rapazinho!
Já tínhamos ouvido António Borges fazer propostas em público, substituindo-se ao governo, acerca da concessão da RTP, num modelo em que o privado não paga nada, fica com que é público e o povo ainda tem de pagar por isto.
Agora, a última de António Borges foi defender aquilo que já nem o Governo, de quem é consultor, defende. Num exercício inacreditável de malcriação, presunção e desfaçatez considerou que as alterações que o Governo queria fazer à TSU eram uma medida “inteligente” e acusou os empresários que a criticaram de serem “ignorantes”.
Já sabíamos que encarava os desempregados e a redução salarial como uma purga redentora para o crescimento dos amanhãs que cantam. Já sabíamos, mas repetiu. Repetiu, gozou da cara de quem sofre, não mostrou a mínima compaixão por quem enfrenta a crise que ele e os seus comparsas velada e criminosamente ajudaram a gerar.
Sim, ajudaram a gerar. Até o FMI percebeu isto quando, ao fim de apenas um ano, demitiu António Borges depois de perceber que também tinha sido, durante oito anos (2000-2008), um dos dirigentes do Goldman Sachs International.
Esta instituição financeira é a mesma que se encontra no centro nevrálgico dos escândalos da crise internacional que estamos a viver. O banco chegou mesmo a ser condenado por fraude pela SEC por estar a apostar contra instrumentos ligados ao mercado imobiliário, ao mesmo tempo que vendia esses mesmos instrumentos aos seus clientes. Além disso, recorreu a fundos públicos e foi acusado de ser beneficiado com o resgate da AIG, coordenado pelo Tesouro dos EUA, liderado na altura por um antigo presidente do Goldman. "Os banqueiros e ‘traders' de Wall Street foram recompensados por tomarem riscos elevados com o dinheiro de outras pessoas. Como consequência, os bancos foram salvos e os banqueiros receberam os seus bónus de milhões de dólares. É difícil de acreditar que foram recompensados pelo seu falhanço, mas foi o que aconteceu", diz William D. Cohan.
Foi também o Goldman Sachs que, a partir de 2002, ajudou a Grécia a encobrir os reais números do défice, através de ‘swaps' cambiais com taxas de câmbio fictícias, o que na prática permitiu a Atenas aumentar a sua dívida sem reportar esses valores a Bruxelas. Segundo o "Der Spiegel", o banco cobrou uma elevada comissão para fazer esta engenharia financeira e, em 2005, vendeu os ‘swaps' a um banco grego, protegendo-se assim de um eventual incumprimento por parte de Atenas. No início de 2010, os analistas do Goldman recomendaram aos seus clientes a apostar em ‘credit-default swaps' sobre dívida de bancos gregos, portugueses e espanhóis. Os CDS são instrumentos que permitem ganhar dinheiro com o agravamento das condições financeiras de determinado país. E até Angela Merkel achou que era "um escândalo se os mesmos bancos que nos trouxeram para a beira do abismo e ajudaram a falsear as estatísticas" venham agora ganhar dinheiro com a crise.
Mas foi assim. Exatamente assim. Factualmente assim.
E como é que isto tudo acontece? A estratégia é simples e antiga. Faz-se como sempre fez a máfia: Coloca-se rapazes de confiança nos lugares de topo que decidem o rumo da economia global e depois… é fácil. Foi assim com Hank Paulson, Mark Carney, Romano Prodi, Robert Zoellick... E é assim com Papademos, Mário Draghi ou Mário Monti…
António Borges é só mais um e à escala da nossa mediocridade… O outrora salvador do PSD (não me esqueci que houve quem o quisesse na liderança do partido), chegou ao país depois de ser despedido pelo FMI, e Passos Coelho entregou-lhe o sensível dossier das privatizações.
É este bom rapaz, com este bom passado, que diz agora as coisas que diz.
Post Scriptum: Conspiração? Talvez… "O Banco - Como a Goldman Sachs dirige o mundo”, de Marc Roche, correspondente financeiro do jornal Le Monde, não é um livro qualquer. É uma investigação jornalística séria, premiada internacionalmente, que se limita a descrever factos e liga-los entre si. O seu autor, apesar de tudo o que diz, nunca foi processado por nenhum dos visados.
Dia Mundial da Música
Comemorado esta noite com um lançamento de um livro e recital por António Teves.
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