segunda-feira, março 7

Desmascarar

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O calendário marca o tempo e o modo festivaleiro do carnaval e das máscaras. Ao contrário do Brasil, pátria da quintessência carnavalesca, nós por cá estamos cada vez mais pobres em todos os indicadores.

Menos nas fantasias que, devendo ser apenas usadas no tempo do entrudo, afinal são de uso diário todo o ano !

Vivemos na fantasia do superávit e das taxas de crescimento de uma economia que não existe, a não ser para alimentar um sector financeiro. Vivemos com o mesmo corso de personagens políticas há anos e anos, a começar pelo Presidente do Governo Regional, que esquecendo o facto de ser um dos políticos profissionais mais antigos da região ainda se dá ao luxo da sátira das "donas elviras" no parlamento regional ! Ele próprio bem poderia vestir essa fantasia de "dona elvira" da política Açoriana, aliás com prémio garantido no desfile, por exemplo num bailinho da Terceira, atenta a escassa concorrência até porquê o seu contemporâneo Dr. Alvarino Pinheiro já se reformou há muito tempo.

Vivemos na quimera de que esta autonomia socialista é tolerante e progressista mas um simples bailinho de carnaval na Terceira, por tradição satírico e mordaz, é objecto de descarado boicote pelos comissários da guarda pretoriana do PS local! Efectivamente, funcionários da empresa municipal "Praia em Movimento" interromperam Domingo, na localidade do Juncal, a actuação de um bailinho de Carnaval de idosos, alegadamente por discordarem do enredo ! Que qualidade de democracia e de socialismo é este em que um simples bailinho, intitulado "Ai as calças do patrão", e que criticava a distribuição de cabazes feita por uma empresa municipal do PS é objecto de sabotagem pelos próprios agentes sob a alçada da dita câmara ? Esta é obviamente uma pergunta retórica !

Nestes tempos de acentuada crise económica e social todo este carnaval, ao invés de divertir, presta-se a deprimir ainda mais. Sinal de que os mascarados e o corso são os mesmos há tempo demais. Desmascarar esta farsa reinante é o enredo que começa a estar cada vez mais na moda.
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João Nuno Almeida e Sousa na edição de hoje do Açoriano Oriental

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