quinta-feira, agosto 4

ÍCONES DO SÉCULO XX - # 1

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HENRI CARTIER BRESSON foi o fundador do fotojornalismo e justamente considerado o maior repórter do Sec. XX. O axioma Proustiano para quem a vida do artista está na sua obra é literalmente uma realidade no caso de Henri Cartier Bresson. Através da inseparável Leica de 35 mm soube capturar o mundo em latitudes tão díspares como o Japão ou o México.

Um dos traços da obra deste ícone do Sec. XX fica marcada por ser um amplo e vasto mosaico humano. Em bom rigor Henri Cartier Bresson é, além de tudo o mais, um humanista. Pouco antes da sua morte teve a honra de ser cortejado por imensos fotógrafos e jornalistas aquando da retrospectiva da sua obra. Paradoxalmente manifestou sempre um desinteresse absoluto em discutir fotografia e por oposição debatia com entusiasmo os sujeitos das suas fotos.

Mais do que Robert Capa, ou Sebastião Salgado, a objectiva da Leica de Henri Cartier Bresson tem por mira central o factor humano. Dizia que «tirar uma foto é como reconhecer um evento...É uma questão de pôr o cérebro, o olho e o coração na mesma linha de visão. É uma forma de viver.». Esta estranha forma de vida levou-o a percorrer toda a Europa mas também os Estados Unidos, o México, Cuba, Indonésia, URSS, China, sendo que nestes dois potentados comunistas foi dos primeiros fotógrafos ocidentais com autorização para trabalhar.

No centro do Sec. XX foi prisioneiro de Guerra na Alemanha durante três anos. Após a fuga do cárcere nazi ingressou na Resistência Francesa e fotografou magistralmente a Libertação de Paris. Daí em diante a fotografia foi a sua vida e a sua arte. Revolucionou o fotojornalismo como colaborador da Life e da Paris-Match. Em 1947 fundou a mítica agência Magnum com o objectivo declarado de preservar a independência do fotojornalismo, tutelar a obrigatoriedade de legendagem das fotografias na imprensa escrita, e fundar uma «escola» que facultasse aos fotojornalistas a segurança para reportagens de maior risco.

O traço de humanista fica gravado nos negativos de uma mole indistinta de gente, mas também na obsessão retratista que o levou a fotografar outros grandes do Sec. XX , designadamente, Pierre Bonnard, Henri Matisse, Francis Bacon, Picasso, Sartre, Ezra Pound, Truman Capote e muitos outros.

Henri Cartier Bresson encarava a fotografia como o dom de captar «o momento decisivo». Da sua obra um dia disse Arthur Miller que «a fé habita as suas fotografias o que é sem dúvida a razão pela qual elas são intemporais.».

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Los Angeles. At the Farmer's Market 1947

Da vasta galeria de fotos de Henri Cartier Bresson destaco a imagem deste casal inclusa no catálogo da memorável viagem aos Estados Unidos no ano de 1946. Nesta foto o sorriso gélido desta Californiana encerra um mistério que nunca desvendaremos...porém, «não há nada em que paire tanta sedução e maldição como um segredo» (Kierkegaard)

Henri Cartier-Bresson nasceu a 22 de Agosto de 1908 e morreu a 4 de Agosto de 2004...o seu espólio foi doado em vida à Fundação Henri Cartier Bresson para impedir o saque da fazenda nacional francesa e os apetites dos habituais abutres da cultura ao serviço do Estado.)

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